O Estado de São Paulo, n. 45836, 16/04/2019. Política, p. A6

 

Museu de NY recusa sediar evento com Bolsonaro

 

 

 

Beatriz Bulla

16/04/2019

 

 

Presidente foi escolhido ‘Personalidade do Ano’ pela Câmara de Comércio Brasil-EUA

 

DIDA SAMPAIO / ESTADÃO-11/4/2019

Homenageado. O presidente Jair Bolsonaro vai receber o prêmio junto com o secretário de Estado dos EUA, Mike Pompeo

 

O Museu Americano de História Natural de Nova York anunciou ontem que não vai mais sediar evento organizado pela Câmara de Comércio Brasil-Estados Unidos que vai homenagear o presidente Jair Bolsonaro. A entidade escolheu Bolsonaro como “Personalidade do Ano”, em prêmio que é tradicionalmente entregue durante um jantar de gala realizado no museu. O evento está marcado para o dia 14 de maio.

“Com respeito mútuo pelo trabalho e pelos objetivos de nossas organizações individuais, concordamos que o museu não é o local ideal para o jantar de gala da Câmara de Comércio Brasil-Estados Unidos. Este evento tradicional irá acontecer em outro local, na data e hora originais”, anunciou o museu pela conta no Twitter.

Anteontem, o museu já tinha dedicado publicações em português para ressaltar que Bolsonaro não foi convidado pelo museu para receber o prêmio, mas, sim, convidado como “parte de um evento externo”.

Desde a semana passada, o museu tem sido alvo de críticas pela homenagem ao brasileiro, principalmente por posições sobre políticas para o meio ambiente. O Museu de História Natural de NY já havia informado que iria avaliar as providências possíveis para o caso.

Na sexta-feira, o prefeito de Nova York, Bill de Blasio, pediu que a homenagem a Bolsonaro fosse cancelada. “Bolsonaro não é perigoso somente por causa de seu racismo e homofobia evidentes”, afirmou De Blasio, durante entrevista à emissora de rádio WNYC. “Infelizmente, ele também é a pessoa com maior poder de impacto sobre o que se passará na Amazônia daqui para a frente.”

 

‘Toupeira’. O assessor do presidente para assuntos internacionais, Filipe Martins, e o deputado e presidente da Comissão de Relações Exteriores da Câmara, Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), comentaram a declaração de De Blasio.

“Surpresa seria uma toupeira dessas o elogiar”, escreveu Martins na sua conta no Twitter. “Não há surpresa alguma em ver Bill de Blasio – um sujeito que colaborou com a revolução sandinista, que considera a URSS um exemplo a ser seguido e que faz comícios no monumento dedicado a Gramsci no Bronx – criticando o PR Bolsonaro”, afirmou.

A premiação é concedida há 49 anos e tem o objetivo de reconhecer sempre dois líderes, um brasileiro e um americano, que trabalham pela aproximação e relação entre os dois países. No ano passado, o brasileiro homenageado foi o atual ministro da Justiça, Sérgio Moro. O americano que receberá a homenagem este ano é o secretário de Estado, Mike Pompeo.

Procurada ontem para comentar a decisão do museu americano, a assessoria do Palácio do Planalto não se pronunciou até a conclusão desta edição.

 

Explicação

“Concordamos que o museu não é o local ideal para o jantar de gala da Câmara de Comércio.”

Museu de História Natural

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