Título: Aliados rejeitam prefeitos
Autor: Mascarenhas , Gabriel
Fonte: Correio Braziliense, 23/09/2012, Política, p. 9

A ausência do prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab (PSD), nos programas de tevê da campanha do candidato apoiado por ele, José Serra (PSDB), ilustra bem uma situação vista em outras diversas capitais do país. A força da máquina perde para o peso dos índices de rejeição. A equação é simples: a aprovação popular de um governante deve ser diretamente proporcional ao uso da imagem dele no processo eleitoral. Quando a regra não é respeitada, o resultado costuma ser negativo.

A aliança com Kassab rendeu a Serra valiosos minutos na televisão, mas o chefe do Executivo municipal, dono da sexta colocação no ranking dos prefeitos de capitais mais mal avaliados do país, segundo o Ibope, não apareceu na propaganda tucana nem um segundo sequer até agora. As referências a Kassab limitam-se a poucas ações da prefeitura. Na medida em que se avizinha a prova das urnas, mais próximo o prefeito está do escanteio.

"Com duas máquinas a favor de Serra (ele é apoiado também pelo governador de São Paulo, Geraldo Alckmin), já era para ele ter bem mais do que as modestas 20% das intenções de voto, em segundo lugar nas pesquisas. Mas a rejeição a Kassab e até ao próprio Serra são imensas. No início da eleição, o apoio do prefeito foi disputado pelo PT e pelo PSDB. Por uma razão simples, a aliança significava 1m30s de televisão, que, na prática, são mais 3 minutos, porque você fica com mais um minuto e meio e o adversário com menos esse um minuto e meio", analisa o cientista político do Insper, professor Carlos Mello.

O caso do Recife é emblemático. O prefeito, João da Costa (PT), não conseguiu consenso para concorrer a outro mandato nem dentro do próprio partido, que lançou Humberto Costa. Apoiado pelo governador Eduardo Campos, Geraldo Júlio (PSB) lançou candidatura própria e centra fogo contra a administração atual. Dessa maneira, lidera as pesquisas de intenção de voto. "João da Costa tinha tão poucas chances de vencer a eleição que foi posto fora do jogo pelo PT logo no início. Não é à toa que Humberto tenta se desvincular dele de qualquer forma.Foi o jeito para tentar não cair mais na reta final da campanha", sintetiza Carlos Melo.

Desaprovada por 92%

Em Natal, Micarla de Souza (PV) é a chefe de Executivo mais mal avaliada das capitais brasileiras na lista do Ibope, divulgada esta semana, com 92% de desaprovação. Ela tem a exata noção do seu peso eleitoral. Não vai concorrer à eleição, mas sabe que pode decidi-la, e declarou apoio ao candidato Carlos Eduardo Alves (PDT), seu histórico inimigo político e que aparece na ponta da disputa na capital do Rio Grande do Norte. O prefeito de Salvador, João Henrique Carneiro (PP), vice-líder no ranking do Ibope, sequer afirmou publicamente quem quer como seu sucessor.

O petista Raul Filho, comandante em Palmas, está fora do jogo, mantendo-se praticamente alheio às eleições disputadas pela candidata apoiada por ele, Luana Ribeiro (PR). O prefeito foi flagrado em um vídeo oferecendo facilidades ao bicheiro Carlinhos Cachoeira, o que garantiu a ele a quinta pior avaliação, na pesquisa do Ibope, e tirou-lhe a condição de cabo eleitoral.