Título: É melhor se acostumar, dizem os analistas
Autor: Franco , Pedro Rocha
Fonte: Correio Braziliense, 23/09/2012, Economia, p. 14

Os economistas estão convencidos de que os preços no Brasil mudaram de patamar e vão ficar cada vez mais parecidos com os praticados nos países mais ricos do mundo. Por isso, é importante que a renda continue aumentando acima da inflação e o nível de emprego se mantenha elevado. Apesar desse alerta, a professora de inglês e japonês Flávia Feijó, 25 anos, não se conforma. "Os preços praticados em Brasília estão, em muitos casos, próximos aos de Tóquio, de onde acabei de voltar, depois de uma temporada de estudos", afirma. Ela diz mais: "Tinha a impressão de que os preços no Brasil eram mais baixos, pois achei tudo caro ao chegar no Japão. Mas, quando voltei, senti que não havia muita diferença entre Brasília e Tóquio. Por lá, o McDonald"s fazia promoções para estudantes de sanduíches a U$ 5. "Aqui, não sai por menos de R$10", compara.

O analista de sistemas Devair Nunes, 44, é da mesma opinião. Depois de uma viagem de férias pela Inglaterra e pela Irlanda, teve a certeza de como o Brasil está caro. "Comparando o poder de compra naqueles países com o nosso, posso garantir que pagamos demais pelos mesmo produtos. Quando convertemos os valores para reais, constamos, inclusive, que a cerveja e o vinho são mais baratos lá do que aqui", destaca. "Acredito que os impostos na Europa sejam menores do que em nosso país. Aí pode estar uma das razões para a diferença de preços", acrescenta. Mas o melhor de tudo, na avaliação de Devair, é que tanto os ingleses quanto os irlandeses desfrutam de excelentes serviços públicos.

Vestuário Para Devair, os brasileiros devem ficar atentos em relação aos preços. Ele frisa que, no caso de roupas, já não compra mais no Brasil. "Depois que fui para os Estados Unidos, percebi o quanto os artigos de vestuário são caros aqui. Então, vou aproveitar uma próxima viagem para lá para renovar o guarda-roupas", diz. De volta ao Brasil depois de seis meses no Canadá, Davih Rodrigues, 23, acrescenta: "Refrigerante, chocolate e salgadinhos são ridiculamente mais baratos fora do Brasil. E não vejo muita razão para isso", assinala.

Com intuito de concluir curso de francês, o Davih morou com um casal em Quebec — ele, um porteiro; ela uma corretora de seguros. "Eles têm uma casa boa e tudo é mais acessível", conta. No Brasil, com a carestia de hoje, o jovem duvida que pessoas com as mesmas profissões tenham qualidade de vida semelhante. "No Canadá, o salário mínimo é de US$ 1,1 mil", assinala. Ele ressalta ainda que, naquele país, adquiriu o hábito de comer cereais pela manhã. Mas, quando voltou para Brasília, desistiu dos Sucrilhos porque "o preço era inviável".