Comentário foi feito por Davi Alcolumbre nesta semana; presidente afirmou ainda que não quer ‘paternidade’ de projetos de lei

De volta ao Brasil após visita oficial à Argentina, o presidente Jair Bolsonaro minimizou ontem as críticas feitas pelo presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), às “trapalhadas” do governo e à possibilidade de que pontos polêmicos do projeto de lei que alterou o Código Brasileiro de Trânsito (CBT) sejam derrubados na Câmara . Em visita ao Rio de Janeiro, Bolsonaro declarou estar disposto a ouvir “gente com conhecimento” e afirmou que “a iniciativa das leis não é exclusiva do presidente”. As frases foram ditas por Bolsonaro após a cerimônia de formatura do curso especial de habilitação para promoção a sargento, no Centro de Instrução Almirante Alexandrino (CIAA) da Marinha, na Penha, Zona Norte do Rio.

Questionado por jornalistas sobre as declarações de Alcolumbre à GloboNews nesta semana, de que “falta agenda” ao governo federal, Bolsonaro dividiu com Câmara e Senado a responsabilidade de construir um projeto de país. — Projeto as Casas legislativas podem ter. A iniciativa das leis não é exclusiva do presidente. Não quero paternidade de nada, quero que o país vá para frente — afirmou Bolsonaro.

Mudanças na carteira

O presidente defendeu ainda o pacote sobre as leis de trânsito que, entre outras mudanças, altera a validade da Carteira Nacional de Habilitação (CNH) de cinco para dez anos e o limite de pontuação (de 20 para 40 pontos) antes da perda do documento.

O texto também propõe acabar com multas para os motoristas que desrespeitarem regras de transporte de crianças em veículos. Caso a proposta seja aprovada no Congresso , a violação das normas “será punida apenas com advertência por escrito”. De acordo com a Casa Civil da Presidência, a retirada da sanção pecuniária consta no texto “pois se busca um caráter mais educativo”.

—A segurança dos filhos é responsabilidade de pai e mãe em primeiro lugar. Não é porque não está na lei que eu vou conduzi-los de forma irresponsável — disse Bolsonaro.

— Acho que todo mundo gostou, por exemplo, de tirar o monopólio do Detran para tirar o atestado médico. Queremos reduzir o custo da carteira de motorista —acrescentou. Na Câmara, um revés começa a se desenhar em relaçaõ à proposta enviada por Bolsonaro para fazer alterações no Código de Trânsito. Nesta semana, o presidente da Casa, Rodrigo Maia (DEM-RJ), alertou ser difícil a aprovação da retirada da multa para quem transportar crianças no carro sem o auxílio de cadeira própria para a função.

Ontem, o presidente foi acompanhado no evento pela primeira-dama, Michelle, pelos deputados federais do PSL Eduardo Bolsonaro (SP), seu filho, e Hélio Lopes (RJ), e também pelo deputado Marcel von Hattem (RS), do Partido Novo, que tem mostrado alinhamento com o governo federal em votações no Congresso Nacional. Os ministros Augusto Heleno (Gabinete de Segurança Institucional) e Fernando Azevedo e Silva (Defesa) também acompanharam a cerimônia, que contou ainda com a presença do comandante da Marinha, almirante Ilques Barbosa Junior, do governador do Rio, Wilson Witzel, e do prefeito do Rio, Marcelo Crivella.