Título: Popularidade de Dilma não alcança candidatos
Autor: Mascarenhas, Gabriel
Fonte: Correio Braziliense, 27/09/2012, Política, p. 6

Haddad, Patrus e Humberto têm dificuldades em transformar o novo recorde de aprovação da presidente em votos nas capitais

A aprovação do governo Dilma Rousseff subiu nos últimos três meses e bateu recorde, de acordo com pesquisa do Ibope encomendada pela Confederação Nacional da Indústria (CNI). Segundo o levantamento, 62% dos brasileiros entrevistados o consideram bom ou ótimo, índice superior aos 59% registrados em junho pelo instituto. Os percentuais dos que afirmaram achar o governo regular, além de ruim ou péssimo, também caíram, de 32% para 29% e de 8% para 7%, respectivamente. O prestígio da mandatária, porém, não tem sido suficiente para alavancar candidaturas consideradas fundamentais pelo PT nas eleições municipais de outubro.

Nomes como Humberto Costa, no Recife; Patrus Ananias, em Belo Horizonte; e, especialmente, Fernando Haddad, na capital paulista, não têm conseguido capitalizar os bons índices da presidente — até agora, ela tem se mantido distante da disputa eleitoral. Prioritária para o PT, a prefeitura de São Paulo parece estar cada vez mais próxima de Celso Russomanno (PRB), que lidera a corrida, com 34% das intenções de voto, segundo pesquisa divulgada na segunda-feira. Com 18%, Haddad, no entanto, ultrapassou José Serra (PSDB) em um ponto percentual e manteve viva a possibilidade de chegar ao segundo turno. Em Belo Horizonte, uma das poucas capitais em que Dilma deverá entrar na campanha, Patrus Ananias soma 30% e continua distante de Marcio Lacerda (PSB), com 47%.

Mais preocupante é a situação no Recife, onde Humberto Costa corre o risco de nem sequer chegar ao segundo turno. Depois de largar na liderança das intenções de voto, ele caiu progressivamente. Hoje, está estacionado nos 16%, e já foi ultrapassado pelo candidato do PSDB, Daniel Coelho (24%). Geraldo Julio (PSB) lidera com folga: 39%.

Na opinião do cientista político e professor da Universidade de Brasília (UnB) Everaldo Moraes, a baixa capacidade de transferência de votos de Dilma pode ser explicada pelo fato de o eleitorado conseguir enxergar a real distância entre os governos federal e municipal, além da determinação da presidente em não emprestar sua imagem aos correligionários, diferentemente do que fazia o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. "Muitas vezes o eleitor, em pleitos municipais, tem uma visão mais clara da política, pois sabe o que a cidade precisa. Sabe que a presidente não tem tanto potencial de interferência, por isso a alta popularidade dela pode não pesar tanto. O PT tem pedido para Dilma atuar mais nas campanhas, mas ela não é um animal político, não tem facilidade para subir em palanques", lembrou o especialista.

Os índices de aprovação de Dilma, porém, esbarram em áreas historicamente mal avaliadas. Das 2.002 pessoas ouvidas pelo Ibope, 65% desaprovam o desempenho do governo em educação; 57% citaram a carga tributária como o pior aspecto do país, mesmo percentual das que afirmaram que a segurança pública é o que mais deixa a desejar. Por outro lado, o combate à fome e à pobreza (60%), as políticas para a redução do desemprego (57%) e o meio ambiente (54%) foram apontados como as maiores qualidades da administração pública federal.

Mensalão A pesquisa mostra ainda que a população não vincula o julgamento do mensalão, em curso no Supremo Tribunal Federal (STF), ao atual governo. Quando questionados sobre qual assunto do noticiário que tenha relação com o governo está mais presente na memória, 16% dos entrevistados citaram o julgamento.

"A avaliação positiva está muito mais ligada à percepção do entrevistado sobre salário, desemprego e impostos. As pesquisas mostram que esses aspectos costumam ser considerados mais importantes pela população, por isso a presidente e o governo dela continuam tão bem avaliados, em comparação a vários de seus antecessores. Aparentemente, a população está bem informada, mas não está colocando o mensalão na conta da Dilma", analisou o gerente executivo de Pesquisa da CNI, Renato Fonseca.

A Pesquisa Segundo o Ibope, 62% dos brasileiros avaliam o governo como ótimo ou bom,

29% acham a gestão regular e

7% dos entrevistados consideram o governo ruim ou péssimo