Título: Pesquisas divergem na reta final
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Fonte: Correio Braziliense, 27/09/2012, Mundo, p. 17

Chavistas em campanha: vantagem nas pesquisas e denúncia de golpismo

Camisetas de Henrique Capriles: opositor evoca luta de "Davi e Golias"

A 11 dias da eleição presidencial na Venezuela, duas novas pesquisas apontaram ontem tendências opostas para a disputa. A empresa Hinterlaces deu 16 pontos de vantagem ao presidente Hugo Chávez, que está no poder desde 1999: ele aparece com 50% das intenções de voto, contra 34% atribuídos ao candidato da oposição, Henrique Capriles Radonski. Outra sondagem, da Consultores 21, mostrou Capriles três pontos à frente, por 48,9% a 45,7%, e entusiasmou o desafiante a dar contornos épicos para a reta final da campanha. "Nós temos que derrotar Golias e cada um de vocês é um Davi. Eu sou Davi, mas cada um de vocês é um Davi também", afirmou Capriles em um discurso na cidade de San Felipe, no encerramento de sua campanha no estado de Yaracuy.

O cenário traçado pela Hinterlaces é semelhante ao exibido na véspera pela Datanálises, que apontou liderança de Chávez, com 49,4%, enquanto o candidato da oposição apareceu com 39%. Embora ambos os institutos venham registrando uma redução da margem em favor do presidente desde o início oficial da campanha, em julho, nenhum dos dois prevê a reversão do quadro até a votação, em 7 de outubro. "Não temos nenhum cenário no qual Henrique Capriles seria o vencedor", disse à imprensa o presidente da Hinterlaces, Óscar Schemel. Nas projeções do instituto, o presidente seria reeleito com uma margem que varia de 10 a 16 pontos, dependendo da taxa de abstenção — os eleitores que se manifestam mais satisfeitos com o governo são os menos inclinados a votar.

Reta final A despeito dos prognósticos, o candidato opositor tratou de motivar os correligionários a disputar até o último voto nos dias finais da campanha. Discursando em San Felipe, Capriles acusou o campo governista de "semear o medo, pressionar e amedrontar" os venezuelanos com o fantasma de uma "explosão social" em caso de derrota de Chávez. "A outra campanha passa o dia todo vendo como nos desprestigiar. Fica o dia todo falando mal de nós. Como eles não têm nada de novo a oferecer, a única coisa que lhes resta é insultar e amedrontar."

Escolhido em um processo de eleições primárias, que preservou pela primeira vez a unidade da oposição, após três derrotas consecutivas impostas pelo presidente, Capriles ironizou alguns aspectos do programa eleitoral de Chávez — a quem nunca se refere pelo nome. Foi o que fez com o objetivo, anunciado pelos governistas de "alcançar a paz mundil": "Nós não queremos a paz no planeta, queremos a paz para o nosso povo", afirmou, referindo-se às altas taxas de homicídios no país, que se situam em cerca de 50 para cada 100 mil habitantes.

A resposta chavista veio pela voz do prefeito de Caracas, Jorge Rodríguez, que comanda a campanha à reeleição. Rodríguez lembrou que a Consultores 21 vem sistematicamente destoando dos demais institutos e acusou os adversários de "manipular pesquisas" para "montar uma outra matriz" sugerindo que os candidatos estariam tecnicamente empatados. "O verdadeiro plano da ultradireita é gritar "fraude" assim que os resultados mostrarem a vitória de Chávez."

16 pontos vantagem de Hugo Chávez na sondagem da empresa Hinterlaces