Título: Ataque ao rival como estratégia
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Fonte: Correio Braziliense, 01/10/2012, Política, p. 3

Na última semana antes da abertura das urnas, Serra e Haddad trocam acusações na tentativa de ir para o segundo turno

A troca de farpas entre José Serra (PSDB) e Fernando Haddad (PT) marcou o último domingo de campanha antes da eleição para prefeito de São Paulo. De olho no eleitorado do líder nas pesquisas de intenção de voto, Celso Russomanno (PRB), o tucano e o petista fizeram ontem um périplo pela Zona Leste da capital paulista. Em meio à disputa por uma vaga no segundo turno da eleição, Haddad procurou atingir Serra por meio da baixa popularidade do prefeito Gilberto Kassab (PSD), aliado do tucano.

"Eu queria que dissesse o que ele acha então da administração Kassab. Uma pessoa que defende a administração do Kassab não pode me elogiar porque ele tem uma forma de avaliação diferente da minha e da população também. A população reprova a administração Kassab", disse Haddad, após carreata pelo bairro de Guaianases, no extremo leste da cidade. A declaração foi uma resposta às críticas de Serra à atuação do petista à frente do Ministério da Educação.

"O Serra não tem expediente na educação. Ele não conhece os dados da educação no país, muito menos em São Paulo. O vice dele fracassou no cumprimento de metas pactuadas de livre e espontânea vontade com o ministério da Educação", afirmou o candidato do PT, citando o candidato a vice na chapa de Serra, Alexandre Schneider (PSD).

Dilma Em comício na Vila Matilde, o candidato tucano acusou a presidente Dilma Rousseff de ter usado o governo como "propriedade privada" ao demitir Anna de Holanda do comando do Ministério da Cultura e nomear a petista Marta Suplicy para o cargo. "A Marta não queria apoiar o Haddad. Ela disse que achava ele fraco. Teve que ser (nomeada ministra) na hora, porque não havia confiança. Não tinha o fio do bigode. Nós não fazemos isso", disse Serra, que ressaltou não ter "padrinhos políticos" em sua campanha.

A presença de Dilma na campanha de Haddad é vista pelo comando da campanha de Serra como um dos principais trunfos do adversário petista na conquista de votos da classe média. A presidente deve participar hoje de comício de Haddad ao lado do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Será a primeira vez que Dilma subirá no palanque de um candidato do partido nessas eleições.

A "força tarefa" do PT pretende alavancar a candidatura de Haddad na última semana do primeiro turno das eleições. Principal cabo eleitoral do petista, Lula se concentrou nos ataques a Serra no sábado e disse que o tucano deveria se afastar da vida pública depois das eleições deste ano. Durante comício de Haddad, o ex-presidente disse que Serra "deve estar desesperado porque não tem mais idade para disputar a presidência". "Agora (Serra) volta para São Paulo como se São Paulo fosse um cabide de emprego. Ai, meu Deus, pede a aposentadoria que é melhor", ironizou Lula.

"Agora (Serra) volta para São Paulo como se São Paulo fosse um cabide de emprego. Ai meu Deus, pede a aposentadoria que é melhor" Luiz Inácio Lula da Silva, ex-presidente, ao sugerir que José Serra deveria abandonar a vida pública

Reta final esquenta em BH As campanhas dos dois principais candidatos à prefeitura de Belo Horizonte — o ex-ministro do Desenvolvimento Social e Combate à Fome Patrus Ananias (PT) e o prefeito Marcio Lacerda (PSB) — que até então evitaram posições mais agressivas, esquentam nesta reta final. Com um discurso mais acalorado, o candidato do PT demonstrou no fim de semana que vai intensificar os ataques, enquanto seu adversário mantém a postura de deixar as críticas mais contundentes aos petistas para seu principal cabo eleitoral, senador Aécio Neves (PSDB). Promete apimentar as eleições na capital um vídeo que circula na internet desde sexta-feira à noite, onde o candidato à vice na chapa do prefeito, deputado estadual Délio Malheiros (PV), aparece em uma entrevista, gravada na véspera das convenções, dizendo que estará com quem fizer críticas à gestão de Lacerda.