O globo, n. 31349, 06/06/2019. País, p. 7

 

Hacker invade celular de Moro e acessa aplicativo

Jailton de Carvalho

06/06/2019

 

 

Polícia Federal abriu investigação para apurar caso envolvendo ministro da Justiça; também ontem, o ex-procurador-geral da República Rodrigo Janot foi vítima de ação semelhante

Um hacker invadiu ontem o celular do ministro da Justiça, Sergio Moro. Quando descobriu o crime, o ministro trocou de linha telefônica e pediu para a Polícia Federal (PF) investigar o caso. Em nota, a assessoria do ministro informou que a “apuração dos fatos já está em andamento”.

Depois de invadir o celular de Moro, o hacker ligou para o próprio ministro. Moro achou estranho, mas atendeu mesmo assim. A assessoria não informou se o ministro chegou a conversar com o invasor. Momentos após essa ligação, o hacker acessou o aplicativo Telegram de Moro. Há pelo menos dois anos o ministro não usava este aplicativo de mensagens.

A partir daí, Moro não teve dúvidas de que estava sendo vítima de um golpe. Ele repassou a informação para a PF investigar o caso e trocou de linha imediatamente. A polícia abriu um inquérito para descobrir o autor do crime.

Janot também foi alvo

Invasões de celulares de autoridades que participaram das investigações da Operação Lava-Jato estão se tornando frequentes. Na manhã de ontem, um hacker tentou seguidas vezes invadir o celular do ex-procurador-geral da República Rodrigo Janot. O invasor só não teve sucesso porque Janot se recusou a atender as insistentes ligações e a acessar os códigos que o estranho o enviou.

Por volta das 5h50m da manhã, quando acabava de acordar, Janot recebeu uma mensagem. O texto informava que o titular do telefone tinha um novo código de acesso para a conta dele em seu celular da marca Apple. Como já tinha passado por uma experiência similar em abril, o ex procurador-geral ignorou o comunicado.

Três minutos depois, o telefone tocou. A ligação partia de um aparelho desconhecido. Janot não atendeu. A partir daí, ele começou a receber seguidas mensagens com códigos de acesso de aplicativos de redes sociais. Sem sucesso com os comunicados, o hacker telefonou mais cinco vezes.

— Não atendi e nem acessei os códigos, senão teria colocado o espião dentro do meu celular — disse Rodrigo Janot ao GLOBO.

No final de abril, um hacker já havia invadido o celular de Janot e tentado acessar redes sociais e até contas bancárias dele. A movimentação do invasor se prolongou por mais de dez horas. Janot se aposentou em abril.