Valor econômico, v. 20, n. 4856, 11/10/2019. Brasil, p. A2

 

MEC garante realização de Enem na data marcada

Renan Tuffi

11/10/2019

 

 

Após falência de gráfica, havia apreensão sobre realização de exame

O Ministério da Educação (MEC) anunciou ontem que todos os cadernos de prova do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) de 2019 já foram impressos e, portanto, a aplicação do exame não será afetada pela falência em abril deste ano da gráfica responsável pela tiragem da avaliação. O Enem está previsto para ocorrer entre os dias 3 e 10 de novembro, mas vinha gerando apreensão dos participantes em razão dos transtornos enfrentados pelo governo para conseguir uma nova empresa para a impressão do exame.

No último mês de maio, o MEC teve de fazer a contratação emergencial da empresa Valid, que assumiu essa tarefa. Para isso, o Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais), responsável pela prova, obteve uma dispensa de licitação junto ao Tribunal de Contas da União (TCU).

O MEC estimou que o custo total do Enem de 2019 será de R$ 537,6 milhões. Segundo o órgão, isso representa R$ 105,52 por participante. No ano passado, durante o governo Michel Temer, o Ministério da Educação havia anunciado que a prova de 2018 tinha custo estimado de R$ 466,8 milhões, ou seja, R$ 84,66 por inscrição. Questionado sobre o aumento dos gastos, o ministro da Educação, Abraham Weintraub, disse que os dados informados pela gestão anterior não levava em conta todo o custo da avaliação.

Segundo o presidente do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), Alexandre Lopes, a verba gasta com o exame há um ano foi, na verdade, de R$ 589,8 milhões, o que representaria um custo de R$ 106,1 por participante. Essa correção nos valores faz com que o governo possa propagandear que reduziu a quantidade de verba gasta com o Enem de um ano para o outro.

Ao todo, foram impressas 10,3 milhões de provas. A prova deste ano marca o fim do exame totalmente analógico, ou seja, aplicado em prova impressa. A partir de 2020, o MEC começará a introduzir gradualmente, em um projeto-piloto, a versão digital do exame. A ideia, segundo a pasta, é que até 2026 a avaliação seja 100% digital, sem impressão em papel. “Se algum aparelho do aluno tocar durante a aplicação, o aluno será eliminado. Aquele celular que toca o despertador mesmo desligado também não pode, ele será eliminado”, garantiu Lopes.

Weintraub falou também sobre o programa Future-se, que visa ampliar a captação de verbas privadas no orçamento universitário. Segundo ele, a iniciativa vai impedir que governos de esquerda, no futuro, possam interferir em instituições como o Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA) e o Instituto Militar de Engenharia (IME).

Na prática, com o Future-se, o governo pretende criar um novo modelo de gestão para universidades e institutos federais. A iniciativa vem sendo criticada em meios acadêmicos, conselhos e também por gestores universitários.

“É importante falar uma coisa aqui de novo. Está tendo muita maldade. O Future-se é voluntário, a universidade que não quiser aderir não precisa aderir e não vai ser punida por isso. Ninguém está sendo punido", disse. "O Future-se permite apenas que as universidades consigam mais recursos, não fere em nada a gestão e a autonomia das universidades. A prova é que o ITA aderiu. Já tentaram pegar o ITA [em governos anteriores] e as Forças Armadas não deixaram. Isso é prova de que não há ingerência nenhuma. A gente vai ter, no futuro, governo de esquerda no Brasil de novo, sabemos disso. Não temos um plano de dominação do Brasil. O Future-se não vai permitir que um governo de esquerda interfira no ITA ou no IME", complementou.