Título: Líder palestino critica ocupação
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Fonte: Correio Braziliense, 28/09/2012, Mundo, p. 16
Um dos representantes mais esperados para subir à tribuna da Assembleia Geral das Nações Unidas, o presidente da Autoridade Palestina (AP), Mahmud Abbas, fez um discurso intenso, com fortes críticas à ocupação israelense nos territórios palestinos e com o aguardado pedido para que os Estados-membros elevem o status de seus território de entidade observadora para Estado observador. A alteração, que não torna a AP um integrante pleno da ONU, lhe permitiria acionar os tribunais internacionais em caso de conflitos com Israel.
Muito aplaudido antes e depois de discursar, Abbas começou seu pronunciamento com ataques à política de assentamentos do Estado judaico, lembrando que as milícias dos colonos cometeram 535 atentados contra a população palestina na Cisjordânia desde o início do ano. Abbas acusou o governo de Israel, principalmente o primeiro-ministro, Benjamin Netanyahu, de promover conflitos religiosos e de realizar uma "limpeza étnica" nos territórios ocupados. Ele pediu, ainda, que a comunidade internacional convença o Estado judaico a suspender o bloqueio à Faixa de Gaza e a investigar as condições dos presos palestinos pelo governo sionista. Netanyahu considerou uma difamação as críticas de Abbas sobre sua política de ocupações, classificada como "catastrófica e racista".
O presidente palestino disse esperar que a "Assembleia Geral adote uma resolução considerando a Palestina como um Estado não membro das Nações Unidas durante esta sessão". No ano passado, Abbas pediu para a Palestina ser membro pleno da ONU, solicitação não aceita pelo Conselho de Segurança. "Não buscamos deslegitimar um Estado já existente, que é Israel, mas, sim, afirmar o Estado que deve ser formado, a Palestina", detalhou. Desse modo, sua ideia é um acordo de paz com "dois Estados, Israel e Palestina".
Alan Dowty, professor de ciências políticas da Universidade de Notre Dame (EUA), concorda com Abbas: "A única solução para esse caso é a de dois Estados. Não há outro resultado que possa dar a ambos os lados uma garantia razoável de futuro seguro". O especialista no conflito israelo-palestino admite que as ocupações israelenses dificultam o estabelecimento de fronteiras para essas nações, mas, diferentemente do secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon — que se mostrou temeroso de que a porta para as negociações esteja se fechando para sempre —, acredita na possibilidade de um acordo. (TL)