Título: Papo sobre política e futebol
Autor: Almeida, Amanda
Fonte: Correio Braziliense, 30/09/2012, Política, p. 4
"O Delúbio estava lá ajudando o seu Lula, como ajuda hoje a dona Dilma. Acho que ele estava junto com a turma. Alguém disse: vamos jogar bola. Ele respondeu: então, vamos", diz o aposentado Sílvio Abrantes, de 64 anos. A ideia de que o ex-tesoureiro do PT, acusado de corrupção ativa e formação de quadrilha, está acobertando o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) é outra usada pelos defensores de Delúbio.
Seu Sílvio completa a análise dizendo que Delúbio "não merece ser preso" e que, caso seja condenado, deve "ferrar" todo mundo. É do aposentado uma definição singular do ex-tesoureiro. Questionado sobre como é Delúbio, ele resume: "É gente boa. Tem os olhos azuis. Não é sujeito feio, não". O trabalhador rural Sérgio de Carvalho, 59 anos, também acredita na participação de Lula: "O Delúbio está servindo de escudo para ele".
A resposta é repetida pelo comerciante Sinair da Silva, 70 anos, primo distante de Delúbio. "O que a gente escuta aqui é que ele assumiu tudo para aliviar o lado do Lula." Seu Sinair é dono de bar a um quarteirão da casa dos pais de Delúbio, frequentado pelo petista e seu Catonho.
Delúbio costumar optar por pastel e refrigerante, enquanto conversa com uma turma de moradores que está sempre por lá. Segundo eles, o ex-tesoureiro não fala sobre o mensalão e ninguém toca no assunto para não "chatear" o pai. Torcedor do São Paulo, Delúbio costuma falar sobre futebol e política local.
Para a comerciante Eliana Alves, 43 anos, foi tudo o contrário. "O Delúbio mandava no Lula. Ele tem que ser preso", afirma categoricamente. Uma das poucas a torcer publicamente pela condenação do ex-tesoureiro, ela tenta, pelo PSDB, pela terceira vez, uma vaga na Câmara Municipal. "O eleitor aqui é pior que o candidato. Fica feliz ao ter o voto comprado. O Delúbio é culpado. Mas ele é filho daqui e a cidade quer proteger, né? Não quer ver o filho preso."