Título: Débito da Espanha dispara
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Fonte: Correio Braziliense, 30/09/2012, Economia, p. 19

Endividamento irá a 90,5% do PIB em 2013, enquanto o deficit público ficará este ano em 7,4%, acima do prometido aos credores

Madri — A dívida espanhola aumentará para 85,3% do Produto Interno Bruto (PIB) em 2012, e para 90,5% em 2013, muito mais que as previsões iniciais, anunciou ontem o ministro da Fazenda, Cristóbal Montoro. Além disso, com os programas de ajuda ao sistema financeiro, o deficit público deste ano ficará em 7,4% do PIB, acima dos 6,3% prometidos pelo governo. O resultado negativo de 2011 também foi revisado: em vez dos 8,9% informados anteriormente, o rombo atingiu, na verdade, 9,44%.

O endividamento, que em 2011 terminou num nível relativamente baixo em comparação a outros países da União Europeia (68,5% do PIB), vai aumentar fortemente em 2012 devido principalmente às necessidades de financiamento bruto de 207,173 bilhões de euros (48,02 bilhões líquidos), em um contexto de tensão nos mercados, que têm mantido as taxas de juros dos títulos espanhóis na casa dos 6% ao ano, ou até acima disso, níveis considerados insustentáveis por períodos muito longos.

Já a revisão do deficit se explica pelas ajudas públicas dadas aos bancos, fragilizados depois da explosão da bolha imobiliária em 2008, explicou Montoro, em coletiva de imprensa após encaminhar ao parlamento o projeto de orçamento para 2013. O governo prefere classificar esses programas de socorro como operações extraordinárias. Se eles não forem contabilizados nas contas do Tesouro, destacou o ministro, o resultado de 2011 ficaria nos 8,9% já informados e o rombo deste ano seria contido nos 6,3%, prometidos aos credores.

Resgate

A proposta orçamentária do próximo ano, que foi chancelada pelo Conselho de Ministros na quinta-feira passada, promete intensificar a austeridade nos gastos com o objetivo de reduzir o deficit público para 4,5% do PIB. Ela veio acompanhada de um novo plano de reformas, incluindo a criação de uma "autoridade orçamentária independente" para controlar as contas governamentais.

As finanças espanholas vêm sendo observadas com atenção pelos mercados, que preveem que a Espanha, quarta economia da Zona do Euro, solicite em breve um programa de resgate financeiro aos fundos europeus criados para apoiar países em dificuldades.

Ajuda à Grécia » A Grécia receberá a próxima parcela de auxílio financeiro internacional apesar de problemas no orçamento e dos pequenos progressos nas reformas, pois a Zona do Euro não quer que o país deixe a moeda comum, informaram ontem duas revistas alemãs, citando fontes de organismos europeus. Atenas precisa obter mais 31 bilhões de euros (US$ 39,88 bilhões) para evitar a falência e uma eventual saída do bloco monetário. Mas, para isso, terá que aprovar um pacote de austeridade no parlamento antes do próximo encontro com os ministros das Finanças do chamado Eurogroup, em 8 de outubro. "Os gregos receberão uma lista de reformas e o dinheiro será disponibilizado assim que os legisladores aprovarem", afirmou uma fonte do Eurogroup à revista Wirtschaftswoche. "O medo de um efeito dominó é muito alto", afirmou uma autoridade da União Europeia, referindo-se ao possível contágio para outras nações com grandes dívidas, como a Espanha, se a Grécia for à moratória. A revista Focus, citando fontes do Parlamento europeu, também afirmou que a Grécia receberá a nova porção de auxílio financeiro.