Correio braziliense, n. 20455, 23/05/2019. Economia, p. 8

 

Weintraub conta com Petrobras

Maria Eduarda Cardim

23/05/2019

 

 

A terceira ida do ministro da Educação, Abraham Weintraub, ao Congresso Nacional ficou marcada por uma confusão que encerrou a audiência pública da Comissão da Educação da Câmara dos Deputados. Weintraub voltou ao Legislativo para aprofundar os esclarecimentos sobre o contingenciamento da verba das universidades e instituições federais de ensino superior, anunciados no início de sua gestão.

O ministro defendeu, novamente, que os efeitos do bloqueio só devem ser sentidos em setembro, e que acredita encontrar uma solução até lá. “Se a gente conseguir resgatar o dinheiro da Petrobras, que já está internalizado no Brasil, roubado e recuperado, já é um grande alívio para as contas”, disse.

A sessão, que durou cerca de quatro horas e 30 minutos, foi finalizada após um bate-boca entre a deputada que presidia o encontro, Professora Marcivânia (PCdoB-AP), e parlamentares governistas, que se opuseram à decisão da presidente de conceder direito de fala à presidente da União Nacional dos Estudantes (UNE), Marianna Dias, e ao presidente da União Brasileira dos Estudantes Secundaristas (Ubes), Pedro Gorki.

Antes da confusão, entretanto, alguns temas tiveram destaque no debate, como o Enem, a cobrança de mensalidade nas universidades federais e o Fundeb. Como já havia declarado anteriormente, Weintraub disse ser contra a cobrança na graduação, mas afirmou que é a favor da arrecadação nos cursos de pós-graduação. “Se a gente focar na cobrança de pós-graduação, aí não tem o que discordar. Tá lá o bonitão com o diploma de advogado, ele paga. Esse tem condição de pagar. (...) E não é pra toda pós-graduação, mas para as que têm visão de mercado, a gente pode cobrar”, disse.

Na última semana, Weintraub foi convocado para comparecer ao plenário da Câmara dos Deputados. No discurso, o ministro adotou um tom mais duro e culpou governos passados pelo contingenciamento. Ontem, voltou a alfinetar gestões anteriores. “A época de jogar dinheiro e sem perguntar para onde vai e por que acabou”, disse, se referindo ao dinheiro recuperado da Petrobras.