O Estado de São Paulo, n.45874, 24/05/2019. Economia, p. B5

 

EUA dão apoio oficial ao Brasil na OCDE

Célia Froufe 

24/05/2019

 

 

Clube. Araújo diz que apoio dos EUA é importantíssimo

Os Estados Unidos formalizaram ontem, em Paris, o apoio à entrada do Brasil na Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), após promessa feita pelo presidente Donald Trump a Jair Bolsonaro em março. Além das expectativas do governo brasileiro, a mudança da posição americana sobre o Brasil na instituição desbloqueia o processo de ampliação da entidade, que estava sendo considerado “morto” desde a reunião de Buenos Aires, no ano passado, segundo uma fonte do governo.

A OCDE reúne os países mais ricos do mundo. Fazer parte do grupo é como entrar na primeira divisão da economia global. Em entrevista a jornalistas, o secretário-geral da OCDE, José Ángel Gurría, confirmou a informação. “Temos uma posição diferente sobre o Brasil agora”, disse, sem dar mais detalhes. Apesar de não se tratar de uma decisão em si, a mudança é vista como movimento importante.

O presidente Jair Bolsonaro republicou no Twitter uma notícia da Embaixada dos EUA no Brasil sobre o assunto.

Apoio. “Contávamos com isso desde a visita do presidente (Jair) Bolsonaro aos EUA. O presidente (Donald) Trump já tinha garantido seu apoio de maneira muito clara. A confirmação era esperada aqui no ambiente da OCDE”, disse o ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, na sede da instituição. “Isso foi importantíssimo neste nosso caminho para nos tornarmos membro pleno da OCDE”, acrescentou.

Em março, em visita ao presidente Trump, Bolsonaro fez algumas concessões, como a liberação de vistos para americanos sem reciprocidade e a renúncia ao status especial concedido aos países em desenvolvimento na Organização Mundial de Comércio (OMC). Em troca, o americano prometeu apoio à entrada do Brasil na OCDE.

Havia a expectativa de alguma alteração no posicionamento dos Estados Unidos em relação ao Brasil já na reunião da organização do mês passado. Mas, como representantes americanos disseram que não tinham “instrução” para mudar a percepção, o governo previa alguma alteração apenas em um prazo mais distante.

Gurría afirmou que o Brasil tem adotado uma posição “inteligente” ao continuar apresentando adequação de seus processos e normas internos aos instrumentos da OCDE mesmo antes de um início formal da tramitação para seu ingresso na entidade. O Brasil cumpre hoje 74 dos 248 instrumentos solicitados pela organização.

Quando entrou com o pedido, há dois anos, cumpria 35 e, segundo o secretário executivo do Ministério da Economia, Marcelo Guaranys, um total de 200 devem ser aprovados. Os demais estão mais relacionados a questões tributárias e devem ser apreciados após a realização de uma reforma no País.

Um ponto que ainda está em discussão, de acordo com Gurría, é sobre como colocar os seis países que fizeram o pedido e estão em diferentes fases do processo em exame. Além de Brasil, solicitaram a entrada na instituição Peru, Argentina, Croácia, Romênia e Bulgária. Desses, o Brasil foi o último a pedir, mas é o que reúne a maior quantidade de instrumentos já em linha com os padrões da OCDE.

Mercosul e UE

Ernesto Araújo, avaliou que, a despeito de a França ter reforçado alguns pontos sobre as negociações entre a União Europeia e o Mercosul, o acordo entre as duas partes não está sob risco.