Título: Toffoli e o ex-chefe
Autor: Campos, Ana Maria ; Abreu, Diego ; Mader, Helena
Fonte: Correio Braziliense, 02/10/2012, Política, p. 2

Depois da polêmica inicial sobre a participação do ministro Dias Toffoli no caso do mensalão, o magistrado, que já foi assessor de José Dirceu, vai julgar o antigo chefe nos próximos dias. Toffoli é o terceiro a votar depois do relator e do revisor e é grande a expectativa sobre o seu posicionamento a respeito do caso. Ele já absolveu o principal personagem petista do processo entre os réus julgados até agora, o deputado federal João Paulo Cunha, mas condenou outros políticos aliados que compunham a base aliada do governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, como Roberto Jefferson (PTB) e o deputado Valdemar Costa Neto (PR).

Antes mesmo do início do julgamento, surgiu a polêmica sobre Toffoli. Juristas, ministros aposentados do Supremo e até mesmo colegas do magistrado na atual composição da Corte sugeriram que ele deveria se julgar impedido de participar da análise do mensalão. Isso porque a companheira do ministro, a advogada Roberta Rangel, fez a sustentação oral de defesa do ex-deputado Professor Luizinho em 2007, na época do recebimento da denúncia. Além disso, o ministro já foi advogado do PT, assessor jurídico da Casa Civil na gestão de José Dirceu e advogado-geral da União do governo Lula.

Toffoli nunca falou publicamente sobre o assunto, e o procurador-geral da República, Roberto Gurgel, tampouco pediu o impedimento do ministro. Existem especulações de que Toffoli poderia deixar de julgar alguns dos réus, como Dirceu e Professor Luizinho, mas especialistas e pessoas próximas ao ministro afirmam que ele deve participar de todo o processo. (HM, DA e AMC)