O Estado de São Paulo, n.45879, 29/05/2019. Economia, p. B7

 

Questionário básico do Censo foi reduzido para 25 perguntas

Daniela Amorim

29/05/2019

 

 

O País terá mesmo um Censo Demográfico mais enxuto em 2020, oficializou ontem o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). As reduções nos dois questionários – o que vai a todos os domicílios e o que contempla apenas 10% da população – deixaram de fora perguntas sobre renda, emigração internacional, migração regional, posse de bens de consumo, estado civil dos brasileiros, deslocamento para a escola e horas despendidas no trabalho, entre outros temas relevantes.

O questionário básico do Censo Demográfico 2020 foi reduzido de 37 perguntas previstas na versão piloto para 25 questões. No Censo de 2010, havia 34 perguntas. Já o questionário mais completo foi enxugado de 112 para 76 perguntas. No Censo 2010, esse questionário tinha 102 questões.

A versão final foi aprovada ontem pelo conselho diretor do IBGE. “O questionário leva em torno de 4,2 minutos, 4,3 minutos”, disse o diretor de Pesquisas do IBGE, Eduardo Rios-Neto.

Em entrevista, no fim da tarde, a presidente do IBGE, Susana Cordeiro Guerra, defendeu o corte no questionário, dizendo que o cenário atual é mais complexo. Para Susana, o avanço das tecnologias e das redes sociais fez a população ter menos atenção e paciência de responder a um questionário longo. Outro argumento para abreviar o tempo da coleta de campo seria o agravamento da segurança pública. “Nunca houve uma ordem para diminuir o número de perguntas do questionário. A única coisa que houve foi um quadro de restrições orçamentárias. E o IBGE tem total independência para decidir como vai se adequar a esse contexto.

A Associação de Servidores do IBGE criticou a decisão de cortar informações da coleta, lembrando que deixar de perguntar sobre o valor do aluguel impede o cálculo do déficit habitacional, por exemplo.

A insatisfação do corpo técnico do IBGE com a forma como a nova direção do órgão vinha conduzindo as discussões sobre o corte no censo gerou rumores de uma possível entrega de cargos e aposentadorias no instituto. Pelos menos dois ex-diretores pediram a aposentadoria. Um deles é o ex-presidente do IBGE Roberto Olinto, substituído no cargo por Susana.