Título: Simon pede sobrevida à CPI do Cachoeira
Autor: Almeida, Amanda
Fonte: Correio Braziliense, 02/10/2012, Política, p. 6
Senador tenta prorrogar os trabalhos da comissão por 180 dias, mas enfrenta reações da base e da oposição
Paralisada há um mês, a CPI do Cachoeira volta às atividades na semana que vem e vai avaliar um pedido de prorrogação dos trabalhos. O senador Pedro Simon (PMDB-RS) encaminhou ontem ofício ao presidente da comissão, senador Vital do Rêgo (PMDB-RS), pedindo que as investigações se estendam para além de 4 de novembro, data de encerramento da CPI. O ato do peemedebista, porém, é apenas instrumento de pressão, uma vez que a prorrogação depende da assinatura de um terço dos deputados e senadores. Mas parlamentares do governo e da oposição, contudo, trabalham para sepultar de vez as investigações, que fustiga políticos dos dois lados.
As atividades da comissão foram suspensas em 4 de setembro, com a justificativa de se evitar o uso eleitoral das relações do bicheiro Carlinhos Cachoeira com políticos de vários partidos. Nos bastidores, integrantes da CPI admitem a possibilidade de não haver quórum para a reunião administrativa da próxima terça-feira, não só pelo feriado de 15 de outubro, mas também porque senadores e deputados ainda estarão envolvidos com as campanhas de quem passou para o segundo turno. Com atrasos de oitivas e audiências, a hipótese de prorrogação já havia sido levantada.
Não é o que pensa o vice-presidente da CPI, Paulo Teixeira (PT-SP). Para ele, a comissão já tem elementos suficientes para concluir os trabalhos e que não vê necessidade de prorrogação. "No tempo que resta, dá para ouvir as pessoas que faltam e de se produzir um bom relatório", disse o parlamentar.
Pedro Simon também pediu ao presidente da CPI que não sejam incluídos na pauta de votações relatórios que "tentem restringir o foco das investigações". Mas, nos bastidores, parlamentares já se articulam para não aderir à proposta, potencialmente perigosa para algumas lideranças políticas que não desejam ter seus nomes ligados ao contraventor preso em Brasília. Vital do Rêgo até evita entrar na polêmica polêmica. "Assim que retornarmos aos trabalhos, vou levar a proposta aos líderes partidários", disse ele, com a ressalva de que não dará sua opinião pessoal sobre o assunto. Pelo regimento, as atividades da CPI podem ser prorrogadas por 180 dias.
Além de votar pedidos de novas convocações, a comissão precisa votar um ponto considerado fundamental para avançar nas investigações: a quebra do sigilo de empresas fantasmas ligadas à Construtora Delta. Para Simon, integrantes da comissão protelaram as votações. Ontem, ele também pediu à Comissão de Ética do Senado que investigue parlamentares do grupo. "Salvo melhor juízo, parece-nos que o comportamento da maioria dos parlamentares da CPI tem sido o de evitar que o inquérito avance além do que a Polícia Federal já desvendou nas operações Vegas e Monte Carlo, o que configuraria irregularidades incompatíveis com o decoro parlamentar."
O senador Randolfe Rodrigues (PSol-AP) disse que já há uma articulação entre integrantes da comissão para conseguir as assinaturas necessárias para a prorrogação da CPI. Ele acredita que são necessários, pelo menos, mais 90 dias para que os trabalhos sejam concluídos. "Caso as atividades da comissão não sejam estendidas, ficará oficializado que as investigações não interessavam a alguns grupos", sentenciou.
"Caso as atividades da comissão não sejam estendidas, ficará oficializado que as investigações não interessavam a alguns grupos" Randolfe Rodrigues (PSol-AP), senador