Título: Obras horrivelmente caras
Autor: Ribas, Sílvio
Fonte: Correio Braziliense, 02/10/2012, Economia, p. 13

Associação que reúne empresas aéreas critica governo brasileiro pela demora em tocar as reformas dos aeroportos do país

A Agência Internacional do Transporte Aéreo (Iata) alertou ontem para o risco de os atrasos tornarem as obras nos aeroportos da Copa do Mundo de 2014 "horrivelmente caras". O presidente da entidade que representa 240 companhias aéreas de todo o mundo, Tony Tyler, afirmou que a ampliação e a reforma dos terminais brasileiros são "absolutamente necessárias" para o Brasil receber bem torcedores e turistas durante o evento esportivo. Mas, há menos de dois anos para seu começo, ele destacou que a Fifa não mais esconde a preocupação em relação ao andamento dos projetos de infraestrutura e de estádios.

"Ainda há tempo para realizar as expansões necessárias. Isso é possível, a exemplo do que vimos na Índia, onde fizeram reformas em apenas 36 meses", disse Tyler. Mas ele ressaltou que o cumprimento dos prazos acabará saindo por um preço muito superior ao orçado originalmente. "Os aeroportos brasileiros estão sob enorme pressão", sublinhou o executivo, que já havia criticado publicamente a lentidão das obras voltadas para a Copa e a restrição ao investimento privado nos projetos. A Infraero e a Secretaria de Aviação Civil (SAC) não comentaram as críticas.

Tyler voltou a detonar o modelo de concessões dos terminais de Brasília, Guarulhos (SP) e Campinas (SP). Na sua opinião, os grandes ágios anunciados com os lances vitoriosos deverão se refletir em reajustes nos preços das passagens, pesando no bolso do consumidor. A Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), coordenadora dos certames, já declarou, contudo, que não há possibilidade de os operadores privados dos três aeroportos concedidos cobrarem taxas maiores que as já contratadas.

O lucro dos gestores virá da exploração de atividades comerciais nos locais que assumiram e do aumento de produtividade. O processo de privatização não contou com a participação das empresas de transporte aéreo nos consórcios, ao contrário de outros modelos adotados no exterior.