Título: Fed quer continuar com ajuda
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Fonte: Correio Braziliense, 02/10/2012, Economia, p. 15
Presidente do banco central norte-americano defende injeção de dinheiro, criticada por Dilma
O presidente do Federal Reserve, banco central dos Estados Unidos, Ben Bernanke, defendeu ontem o polêmico plano de compra de títulos de bancos que a instituição vem promovendo. Seu argumento é de que a ação do Fed é necessária para apoiar a frágil recuperação econômica do país.
A presidente Dilma Rousseff é uma das maiores críticas desse tipo de medida. No discurso de abertura da Assembleia Geral das Nações Unidas, em Nova York, na semana passada, ela voltou a criticar a injeção de recursos na economia por parte de países desenvolvidos. Isso provoca a desvalorização das moedas desses países frente a outras, inclusive o real.
Segundo Dilma, a desvalorização é uma forma de protecionismo comercial, pois torna as exportações desses países mais baratas e as importações mais caras. Dilma não citou, porém, qualquer país ou instituição.
Ao falar do assunto ontem, Bernanke negou que a política do Fed seja um caminho para a inflação no futuro ou que permitirá ao governo administrar deficits orçamentários maiores. Ele afirmou que, embora o desempenho fraco incomum da economia do país tenha forçado o Fed a usar ferramentas menos convencionais depois de diminuir as taxas de juros para zero, os objetivos da autoridade monetária de estabilidade de preços e emprego pleno não mudaram.
"Esses objetivos significam, basicamente, que nós gostaríamos de ver empregados tantos quantos os que querem empregos, e que buscamos manter a taxa de aumento dos preços ao consumidor baixa e estável", disse Bernanke no Clube Econômico do estado de Indiana.
Os esforços não convencionais do Fed para incentivar o crescimento também têm críticos nos Estados Unidos, sobretudo no Partido Republicano. Eles afirmam que isso ameaça aumentar a inflação no futuro, além de permitir gastos exorbitantes em Washington. O candidato à presidência do partido, Mitt Romney, prometeu, se eleito, não nomear Bernanke, membro do partido Republicano, para um terceiro mandato à frente do Fed.
Em resposta à crise financeira e à profunda recessão de 2007-2009, o Fed zerou os custos de empréstimos de curto prazo e comprou cerca de US$ 2,3 trilhões em ativos hipotecários e Treasuries (dívida soberana norte-americana) em esforços para manter baixas as taxas de juros de longo prazo e estimular investimento. No mês passado, a instituição informou que comprará mensalmente US$ 40 bilhões de dólares em ativos hipotecários (papéis de bancos lastreados em empréstimos para compra de imóveis) até que a perspectiva para o emprego melhore substancialmente, contanto que a inflação continue contida.
O Dow Jones, principal índice da Bolsa de Nova York, fechou ontem em alta de 0,58% após a divulvação de um indicador positivo da atividade manufatureira. A Bovespa fechou em alta de 0,67%.