O Estado de São Paulo, n.45865, 15/05/2019. Política, p. A8

 

Festa acontece em NY sem Bolsonaro 

Beatriz Bulla 

15/05/2019

 

 

O presidente Jair Bolsonaro desembarca hoje nos Estados Unidos, pela segunda vez em menos de dois meses. Ao contrário da primeira visita, a viagem desta semana foi articulada às pressas. Bolsonaro visita a cidade de Dallas, no Texas, depois de ter cancelado a participação em Nova York, onde receberia ontem o prêmio Personalidade do Ano concedido pela Câmara de Comércio Brasil-Estados Unidos. A controvérsia em torno do prêmio e boicotes estimulados pelo prefeito da cidade, Bill de Blasio, fizeram Itamaraty e Planalto mudarem de rumo e organizarem uma ida ao Estado americano conservador.

O governo anunciou que Bolsonaro será homenageado em Dallas. A cerimônia, contudo, continuou a ocorrer em Nova York na noite de terça-feira sem a premiação principal. A Câmara de Comércio organizou um jantar de gala para cerca de mil empresários, investidores e autoridades, que esperavam ver um discurso de Bolsonaro. Com a perspectiva da ida de Bolsonaro, o evento em Nova York conseguiu vender três quartos das mesas em menos de 24 horas. Mas aqueles que desembolsaram mais de US$ 10 mil com a intenção de encontrar o presidente brasileiro ficaram frustrados.

Em Dallas, Bolsonaro será recebido amanhã para almoço com lideranças empresariais no World Affairs Council. O instituto foi consultado por interlocutores do presidente e aceitou receber o brasileiro, dividindo a recepção do evento com o Brazil-US Business Council – fórum no qual Bolsonaro esteve em Washington, em março. Um representante da Câmara de Comércio vai a Dallas para discursar e entregar oficialmente o prêmio a Bolsonaro.

O presidente ficará menos de 48 horas no país, e até agora tem dois compromissos oficiais anunciados: o almoço e um encontro com o expresidente George W. Bush. A reunião foi costurada com ajuda do ex-embaixador dos EUA no Brasil Clifford Sobel.

Em Nova York, coube ao Presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), e ao presidente do Supremo Tribunal Federal, Dias Toffoli, representarem o Brasil no jantar, diante da ausência da personalidade do ano. O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), estava na cidade mas preferiu não ir ao evento.

O Planalto não enviou ministros de Estado para representarem Bolsonaro.