Correio braziliense, n. 20459, 27/05/2019. Política, p. 3

 

No DF, PM registra 20 mil em protesto na Esplanada

Jorge Vasconcellos

Mariana Machado

27/05/2019

 

 

Vinte mil manifestantes, segundo a Polícia Militar do Distrito Federal, marcharam pela Esplanada em apoio aos projetos do presidente Jair Bolsonaro. Eles defenderam uma pauta que inclui a reforma da Previdência, o pacote anticrime do ministro Sérgio Moro, a medida provisória que reduz o número de ministérios (MP 870) e a manutenção do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) na pasta da Justiça e da Segurança Pública.

Vestidos, em sua grande maioria, com as cores da bandeira nacional, os manifestantes exigiram que os parlamentares do Centrão e os ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) deixem o governo implementar as mudanças necessárias à recuperação econômica e ao combate à corrupção. O ato, que os organizadores dizem ter reunido 50 mil pessoas, transcorreu pacificamente e foi marcado também por discursos patrióticos, ataques aos partidos de esquerda e exaltação às forças de direita.

A concentração começou por volta das 9 horas, em dois pontos da Esplanada — na Biblioteca Nacional e no gramado em frente ao Congresso Nacional. Muitas pessoas trouxeram a família, idosos e crianças. Grávida de dois meses, a professora Fran Marcico, de 31 anos, estava com o marido, o cozinheiro Vinicius Rossignoli, de 33. “Eu cheguei a passar mal duas vezes, mas correu tudo bem, tinha muita gente ajudando, oferecendo água. É importante participar e nós aproveitamos para fazer vídeos que mostraremos quando nosso filho ou filha estiver grande”, disse a professora. O casal se disse surpreso com a quantidade de participantes. “O número foi acima do que a gente imaginava, até porque chegamos cedo, e, na concentração, não havia tantas pessoas”, comentou Vinicius. “Foi ótimo porque assim a gente mostra que existe um poder concreto e esse poder emana do povo. Quem manda no Brasil é a gente”, completou.

Por volta de 10h40, os manifestantes que estavam no Museu da República iniciaram uma passeata até o gramado em frente ao Congresso Nacional, onde eram aguardados pelo grupo que estava concentrado no local. No caminho, pararam em frente à Catedral de Brasília para rezar um Pai Nosso e uma Ave-Maria. Em um minuto de silêncio, oraram pelo fim da corrupção e pelos integrantes do governo Bolsonaro.

O Major Michello, assessor de Comunicação da PM do Distrito Federal, perguntado pelo Correio sobre como foi feita a estimativa de 20 mil manifestantes, disse que o cálculo tem como base a visão do piloto do helicóptero que sobrevoava a região. Ele disse que quando a tripulação tentou fazer uma imagem da Esplanada, os manifestantes começaram a se dispersar.

Temperatura

O sol forte castigou quem estava na rua, mas muita gente resistiu. Protegida por um chapéu, a aposentada Conceição Mendes, de 70 anos, marchou acompanhada do marido, o também aposentado Sebastião Porto, de 84 anos. Para o casal, o maior objetivo era pedir o fim da corrupção. “O povo está farto de tanto desmando e desrespeito. Há gente morrendo em filas de hospitais enquanto, no STF, se deleitam com lagosta e espumante”, reclamou Conceição. O STF foi alvo de críticas ao longo de toda a manhã. Sobre um dos quatro trios elétricos que ocupavam a via S1 do Eixo Monumental, pessoas fantasiadas de lagosta criticavam a compra milionária, pela suprema corte, de medalhões da iguaria.

A técnica em enfermagem Maria das Dores Mendes, 53 anos, chamou o STF de “instituição do crime organizado”. “O Congresso também está cheio de bandidos administrando e saqueando o país. Os dois se uniram e são o maior problema”, protestou a moradora do Guará.

Ricardo Noronha, responsável pela animação no carro de som do Movimento Limpa Brasil, disse, durante discurso, que “a gente só quer que o governo funcione com ações em benefício do povo brasileiro, como a reforma da Previdência e o projeto anticrime do nosso ministro da Justiça, Sérgio Moro, que é o nosso baluarte”.

“Sérgio Moro foi quem norteou todas as nossas lutas de combate à corrupção. Nós só queremos que deixem eles, os nossos eleitos, o presidente da República e sua equipe trabalharem”, continuou Noronha. “Nós queremos também a CPI da Lava Toga, a CPI do Supremo Tribunal Federal. Aquilo ali é a corte que deveria cuidar da Constituição Federal mas é um escritório de advogados, que defende seus clientes. O que será que é aquilo?” Durante a manifestação, chamou a atenção do público um grande boneco inflável mostrando o ministro Sérgio Moro vestido de Super-Homem, ao lado de um outro, que representava um político corrupto.

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Manifestações ocupam ruas de Norte a Sul

 

 

 

 

 

Jorge Vasconcellos

27/05/2019

 

 

Pelo menos 156 cidades, em 26 estados e no Distrito Federal, tiveram manifestações, ao longo do domingo, em defesa do presidente Jair Bolsonaro e de projetos do governo, como a reforma da Previdência e o pacote anticrime apresentado pelo ministro da Justiça, Sérgio Moro. A convocação para o ato ganhou força depois dos protestos em defesa da educação, do último dia 15, contra os cortes anunciados pelo governo para os ensinos superior e técnico de instituições federais.

Vestidos com as cores da bandeira, os manifestantes saíram em passeatas e carreatas logo pela manhã, empunhando faixas com frases de apoio aos atos do presidente Bolsonaro. Os protestos também apoiavam a reforma ministerial do governo, que levou à redução no número de ministérios de 29 para 22.

No Rio de Janeiro, o ato se concentrou na Avenida Atlântica, em frente à praia de Copacabana. Vários carros de som foram posicionados em dois pontos — na altura do Posto 5, e em frente à Rua Xavier da Silveira. Por volta de 11h30, o ato se espalhava por sete quarteirões, com dois deles totalmente cheios. Na Avenida Paulista, região central de São Paulo, os manifestantes começaram a se reunir no início da tarde, perto da sede da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), em um ato que contou com pelo menos cinco carros de som.

Não foi divulgada estimativa de participantes na Paulista. Em Salvador, na Bahia, o protesto começou por volta das 10h no Farol da Barra, e o grupo começou a se dispersar às 11h40. Os manifestantes entoaram o Hino Nacional e gritaram palavras de ordem, com pedidos de "avança, Brasil". A organização e a Polícia Militar não divulgaram estimativa de público. Também houve ato em Feira de Santana, a cerca de 100 quilômetros da capital baiana, e em Itabuna, no sul do estado.

Hostilidade

Em Curitiba, o movimento ocorreu em frente à Universidade Federal do Paraná (UFPR), no centro da cidade. Uma faixa, com a frase “em defesa da educação”, foi arrancada por alguns homens, sob aplausos dos demais participantes. Alguns diziam que prédio público “não é local para posicionamentos ideológicos. Pelo Twitter, o reitor da instituição, Ricardo Marcelo Fonseca, classificou o fato como “inacreditável”.

Em Belo Horizonte, a concentração começou por volta das 10h, na Praça da Liberdade, na região Centro-Sul da capital. Organizadores estimaram que 35 mil pessoas tenham participado do ato, mas a PM não divulgou números. Em Belém, manifestantes caminhavam pela Avenida Presidente Vargas, com bandeiras do Brasil, faixas em defesa de Bolsonaro e críticas ao Congresso. A coordenação do evento afirmou que, ao final, às 12h, cerca de 50 mil pessoas participavam.

A Polícia Militar estimou que, às 10h55, o ato tenha reunido cerca de três mil pessoas. Em São Luís, no Maranhão, manifestantes se reuniram na Avenida Litorânea. O Hino foi executado, e bandeiras do Brasil se espalhavam pela via. De acordo com os organizadores, mais de 1 mil pessoas participaram do ato.

A PM não divulgou estimativa. Também houve uma manifestação a favor do governo Bolsonaro em Imperatriz. No Recife, de acordo com a organização do evento, por volta das 15h50, havia cerca de 65 mil pessoas participando. A PM de Pernambuco não divulga estimativa de participantes em manifestações de rua. Ao menos seis trios elétricos acompanharam os atos.

156 cidades

Mobilizações de apoio ao governo foram registradas em todas as unidades da federação