Correio braziliense, n. 20457, 25/05/2019. Brasil, p. 5

 

Projetos incentivam a adoção tardia

Ingrid Soares

25/05/2019

 

 

A sala com brinquedos espalhados pelo chão, somados a gritos e risos alegres ecoando pela casa denunciam que ali vivem crianças. É nessa atmosfera de amor e união que a família Lima mostra que formar laços afetivos não depende de uma ligação genética. A vida deles mudou drasticamente após um acidente de rapel. Morador do Núcleo Bandeirante, Aloísio Lima, 45 anos, sofreu uma lesão cervical em 2003 e descobriu, posteriormente, que não poderia gerar filhos. Ele é atleta paraolímpico. A professora Ana Cristina de Lima, 45 anos, ainda tentou fertilização in vitro, sem sucesso. Como o sonho do casal sempre foi ter a casa cheia, surgiu a ideia da adoção.

Artur, hoje com 10 anos, chegou à família em 2009, após dois anos de espera na fila, com apenas um mês. Três anos depois, foram adotadas as irmãs biológicas Sara, hoje com 10 e Vitória, 9 anos. “Em casa tudo é uma festa. Eles são como trigêmeos. As alegrias e desafios são os mesmos de qualquer pai e mãe. A hora mais dramática é a da lição de casa, mas nada que não seja resolvido com amor e disciplina. Vitória é a mais brincalhona, Sara, a mais simpática e Artur, o mais sociável. Nos adaptamos rápido uns aos outros”, contam os pais em uníssono.
Ter uma família para abraçar é o desejo de outras milhares de crianças e adolescentes abrigados em orfanatos pelo Brasil. Celebrando o Dia Nacional da Adoção, que ocorre hoje, equipes técnicas das varas infantojuvenis no país investem em projetos que procuram dar visibilidade e sensibilizar a população na adoção de crianças e jovens cujo perfil não é o mais buscado. É a chamada “busca ativa”. Cerca de 90% das famílias ainda buscam crianças menores de 3 anos para adotar.
Um levantamento do Cadastro Nacional de Adoção (CNA) mostra que existem 45.991 pessoas interessadas em adotar e 9.524 crianças e adolescentes aptos a serem adotados. Porém, cerca de 47 mil crianças e adolescentes estão com situação indefinida e inseridas em programas de acolhimento institucional.
No Distrito Federal, segundo a Vara da Infância e Juventude, 137 crianças e adolescentes que aguardam adoção continuam sem um lar por não se enquadrarem no perfil pretendido pelas 556 famílias habilitadas no cadastro local, em razão da idade, por fazerem parte de grupos de irmãos ou por terem problemas de saúde. No grupo de idade entre 0 a 2 anos, há 5 crianças aguardando. Para o grupo de 3 a 11, são 56, e no de 12 a 17 anos, são 68.
Para aumentar as chances de adoção desses meninos e meninas, a Vara criou o projeto “Em busca de um lar”, que consiste na produção de vídeos e fotos para divulgação em mídias sociais, com o acompanhamento da Seção de Colocação em Família Substituta (Sefam), em que a criança ou adolescente, acompanhado do cuidador, conta sobre o que gosta de fazer e o que deseja em uma família. O intuito é que o vídeo chegue até possíveis pais. Os primeiros vídeos de divulgação estão disponíveis no site https://www.tjdft.jus.br/informacoes/infancia-e-juventude/em-busca-de-um-lar.

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Damares apoia STF

Renato Souza

25/05/2019

 

 

 


A ministra da Mulher, Família e dos Direitos Humanos, Damares Alves, se manifestou favorável à criminalização da homofobia, assunto que está em julgamento no Supremo Tribunal Federal (STF) e conta com o voto da maioria dos ministros. Damares afirmou que é necessário que o país enfrente a violência contra a comunidade LGBT. Questionada pelo Correio, ela comentou o fato de seis ministros entenderem que a prática deve ser incluída na lei que trata do racismo.
A ministra afirmou que é necessário aguardar o voto de todos os magistrados. O julgamento será retomado em 5 de junho. No entanto, ela declarou que é necessário criar políticas públicas para garantir a dignidade dessa parcela da população. “Dizer que não existe violência é piada. É só ir na rua e ver. Eu gostaria que o preconceito não fosse um problema. Mas essa não é nossa realidade”, disse.
Durante evento em comemoração ao Dia do Cigano, na Procuradoria-Geral da República (PGR), Damares afirmou que é preciso avançar nos debates e ações sobre o tema, mas destacou a importância de acatar a decisão do Supremo. “Se for necessária a criminalização, que venha. Mas eu gostaria que nem precisasse dessa lei, gostaria que não houvesse violência contra a comunidade. Decisão do pleno tem que ser respeitada. Vamos aguardar o fim da votação”, ressaltou.
Os ministros ainda podem mudar o voto, mas isso não é comum. Se o voto do relator permanecer, o preconceito em razão de orientação sexual ou identidade de gênero se tornará crime inafiançável e imprescritível. Esse entendimento permanecerá até que o Congresso aprove lei sobre o assunto.