Título: Chávez e Capriles buscam indecisos
Autor: Luna, Thais de
Fonte: Correio Braziliense, 03/10/2012, Mundo, p. 18

Na briga pela Presidência da Venezuela, o candidato à reeleição, Hugo Chávez, e seu rival, Henrique Capriles Radonski, intensificaram seus comícios ao redor do país, numa última tentativa de angariar votos dos indecisos. A maioria das pesquisas de opinião aponta a vitória de Chávez, com uma vantagem de 10 pontos percentuais. Os dois, no entanto, têm certeza da própria vitória. Capriles chega a questionar a validade das sondagens e insiste que pode ganhar do presidente por "mais de 1 milhão de votos". Ambos visitaram dois estados distintos, ontem, e realizaram ataques mútuos. À parte dos atos públicos, o embaixador venezuelano na Organização das Nações Unidas (ONU), Jorge Valero, denunciou ao órgão que "setores antidemocráticos e golpistas" podem recorrer a um golpe de Estado, caso Chávez saia vencedor da votação do próximo domingo.

Durante o encerramento da Assembleia Geral da ONU, em Nova York, Valero afirmou que os opositores pretendem "utilizar a violência para ocultar a vontade popular". Segundo George Ciccariello-Maher, professor de ciência política da Universidade Drexel, nos Estados Unidos, Capriles tem se dedicado às eleições com tal intensidade que não pode contestar os resultados. "Mas outros opositores já devem estar se preparando para negá-los, alegando fraude", estimou. O analista lembra as derrotas da oposição contra Chávez: em 2002, quando o golpe de Estado não funcionou, e nas eleições de 2006, em que o mandatário foi eleito pela terceira vez.

Em Yaritagua, cidade de Yaracuy, Chávez discursou para milhares de pessoas vestidas de vermelho e atacou duramente seu adversário. O chefe de Estado se dirigiu à imprensa para criticar Capriles, a quem chamou de "marionete". "O candidato burguês não sabe nada de política. Eles o escolheram para levá-lo a (Palácio Presidencial de) Miraflores e manipulá-lo", afirmou. Chávez completou que a oposição, que classifica como "burguesia", mente ao dizer que vai apoiar os projetos sociais implantados durante sua gestão. "Isso é uma falta de respeito à inteligência do povo, que vai dar sua resposta neste domingo."

O presidente também enviou um recado de apoio ao presidente da Colômbia, Juan Manuel Santos, que será submetido hoje a uma cirurgia para retirar um tumor maligno da próstata. "Tenho certeza de que ele vai superar essa doença (câncer) e estou seguro de que o tratamento será bem-sucedido. O presidente Santos faz falta à Colômbia e à América Latina. Por isso, desejo a ele muita saúde, recuperação e muita vida", comentou. Depois do comício, o candidato pelo Partido Socialista Unido da Venezuela (PSUV) se dirigiu à cidade de Barquisimeto, no departamento (estado) de Lara.

Promessas

Paralelamente, Capriles chegou a Mérida vestindo uma camiseta do time de futebol Los Estudiantes de Mérida e clamou a participação dos jovens na votação. "Vocês têm que dar a demonstração mais contundente na Venezuela, vocês são os protagonistas e cada um deve se sentir um herói em 7 de outubro, porque vocês estão construindo a história de nosso país", insistiu o candidato pela coligação Mesa da Unidade Democrática (MUD). Ao atacar o governo Chávez, o opositor destacou que a população venezuelana não confia no mandatário devido à série de promessas eleitorais que ele não teria cumprido. Diante de uma multidão, Capriles reforçou o discurso que tem apresentado ao longo de toda a campanha, de ser o candidato que representa o futuro, contra o que representa o passado. Ele seguiu para o estado oriental de Anzoátegui (nordeste).

Cada um de vocês deve se sentir um herói em 7 de outubro, porque vocês estão construindo a história de nosso país"

Henrique Capriles Radonski, candidato da oposição, ao dirigir-se aos jovens