Título: Novo transmissor é identificado no Quênia
Autor: Machado, Roberta
Fonte: Correio Braziliense, 03/10/2012, Saúde, p. 21

Cientistas britânicos identificaram uma nova espécie de mosquito transmissor da malária no Quênia. Com hábitos diferentes da versão mais conhecida do Anopheles, esse inseto tem rotina diurna e costuma picar com frequência em ambientes abertos. A descoberta, alertam os autores, pode indicar que cuidados como cobrir camas com mosquiteiros à noite podem ser pouco eficazes para a prevenção ao parasita transmitido pelo mosquito. Ainda sem nome, o transmissor da doença foi descrito por pesquisadores da Escola de Higiene e Medicina Tropical de Londres.

A equipe capturou 422 mosquitos Anopheles na vila queniana de Kishii em 2010 e notou que alguns não tinham semelhanças físicas. Eles, então, analisaram o DNA dos insetos e chegaram à conclusão que apenas pouco mais de 38% eram de variações conhecidas da espécie. Esses 216 espécimes não identificados foram divididos em 10 grupos, dos quais apenas três foram ligados a espécies também já catalogadas de Anopheles.

O que preocupou os pesquisadores é que, entre os bichos desconhecidos, havia cinco insetos infectados pelos esporozoítos do Plasmodium, o parasita que causa a malária, mas nenhum tinha um registro genético conhecido. Essas versões do Anopheles foram capturadas em ambientes abertos e em horários diurnos. Isso mostra que os bichos têm hábitos diferentes da maioria do gênero, que prefere agir durante a noite e dentro de casas.

Essas diferenças podem ser uma ameaça para a população local, que desenvolveu uma série de precauções contra a malária. Os quenianos, aponta a pesquisa, costumam comer fora de casa para evitar o mosquito e ainda tomam o cuidado de dormir em locais sempre protegidos por mosquiteiro e inseticidas. A malária é a principal causa de morte no país africano. A estimativa das autoridades de saúde é de que mais de 25 milhões de pessoas no Quênia correm o risco de serem infectadas. (RM)

25 milhões Estimativa de pessoas que correm o risco de terem malária no Quênia, um dos países africanos que mais sofrem com a doença