Título: Segundo turno em 17 capitais
Autor: Almeida, Amanda ; Caitano, Adriana
Fonte: Correio Braziliense, 08/10/2012, Política, p. 4
Depois de garantir a vitória em Maceió e Aracaju, oposição ao governo federal tem a chance de eleger o prefeito em mais 10 capitais. No total, haverá uma nova rodada de votação em 48 cidades com mais de 200 mil eleitores
A decisão das eleições 2012 ficou para o segundo turno na maioria das capitais. Eleitores de 17 delas optaram por bater o martelo sobre o administrador de suas cidades daqui a três semanas. É das urnas de 28 de outubro que a oposição poderá sair mais fortalecida, já que, até agora, em apenas duas, os eleitos em primeiro turno são representantes de partidos declaradamente contrários à gestão da presidente Dilma Rousseff (PT). Nas nove capitais já decididas, PSB e PMDB foram as legendas mais bem-sucedidas com dois prefeitos eleitos cada.
A oposição saiu vitoriosa em Maceió, com Rui Palmeira (PSDB), e em Aracaju, com João Alves (DEM), respectivamente. No segundo turno, mais 10 capitais podem eleger prefeitos opositores ao governo federal — em alguns casos, os dois concorrentes são de siglas aversas à gestão petista no Palácio do Planalto. As maiores apostas da oposição, que quer se cacifar para a corrida à Presidência da República em 2014, estão concentradas em São Paulo, com José Serra (PSDB), e Salvador, com Antonio Carlos Magalhães Neto (DEM).
O prefeito Marcio Lacerda (PSB), reeleito em Belo Horizonte, aparece em situação curiosa neste cenário. Eleito em 2008 com o apoio do PT, ele escutou um elogio de Dilma 18 dias antes de a legenda da presidente romper com o PSB na capital mineira. Durante a campanha, fez ataques pontuais ao governo federal, mas, ao falar diretamente sobre a mandatária, evitava críticas. No "colo" do senador Aécio Neves (PSDB), mas em partido da base governista, sua futura relação com a presidente deve ser apenas institucional.
Base aliada
Com Lacerda na conta, a base se saiu vitoriosa em oito capitais. O PT, que atualmente comanda sete capitais, ganhou em primeiro turno apenas em Goiânia, com Paulo Garcia. O petista faz parte do grupo de quatro prefeitos reeleitos nas capitais. Além dele e Lacerda, José Fortunati (PDT) venceu em Porto Alegre, com 65,22% dos votos. No Rio de Janeiro, Eduardo Paes (PMDB) também foi reeleito com tranquilida- de (64,6%). No primeiro turno, apenas um candidato à reeleição se deu mal. Em Curitiba, Luciano Ducci (PSB) não ficou nem em segundo lugar.
Três prefeitos vão tentar se reeleger no segundo turno: Roberto Góes (PDT), em Macapá; João Castelo (PSDB), em São Luís; e Elmano Férrer (PTB), emTeresina. A partir das 17h de hoje, 24 horas depois do fim do primeiro turno, os ainda candidatos podem retomar a campanha com alto-falantes, comícios e carreatas. A data de início da televisão será decidida durante a semana, mas tem que começar até sábado, de acordo com o calendário eleitoral. Com tiro curto, ontem mesmo, em entrevistas coletivas sobre o resultado, concorrentes no segundo turno em todo o país já começaram a articular alianças com derrotados e a pedir votos. Ao todo, haverá segundo turno em 48 cidades com mais de 200 mil eleitores.
Para a historiadora e professora da Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo Jacqueline Quaresmin, o grande número de cidades em que haverá segundo turno revela que os eleitores não se consideraram esclarecidos o suficiente com as propostas dos candidatos. "O eleitor quer avaliar melhor o que cada concorrente tem a dizer e agora começa tudo do zero, não se po de dizer que quem ficou em pri meiro lugar necessariamente vá ganhar a disputa", explica.
A professora lembra que os dois primeiros colocados começarão a buscar apoio dos adversários que ficaram de fora. "Eles contam com a transferência de votos, mas, para isso, os eleitores têm que ser fiéis a quem votaram no primeiro turno, o que nem sempre acontece", diz. "Esse mo mento de alianças também será muito importante para a correlação de forças políticas no país se redesenhar e o cenário de 2014 começar a se definir." Nas eleições de 2008, 15 capitais elegeram prefeitos no primeiro turno. Na ocasião, 20 concorriam à reeleição e 13 conseguiram um segundo mandato.