Título: Paes segue até as Olimpíadas
Autor: Wagner, Roberto ; Correia, Karla
Fonte: Correio Braziliense, 08/10/2012, Política, p. 8

Prefeito do Rio confirma favoritismo. Em Salvador, ACM Neto e Pelegrino vão ao segundo turno. Em Palmas, o colombiano naturalizado Carlos Amastha é primeiro candidato de origem estrangeira a comandar capital

Beneficiário de uma conjun­tura que reuniu a euforia em torno da Copa do Mun­do de 2014 e das Olimpía­das de 2016, no Rio de Janeiro, o apoio do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e um hábil descola­mento em relação ao governador Sérgio Cabral, para não ser alvo de desconfianças por causa do relacio­namento entre o padrinho político dele e a Construtora Delta, o prefei­to Eduardo Paes (PMDB) se reele­geu ontem com 64,6% dos votos.

O afastamento em relação a Cabral permitiu também a con­solidação da imagem do prefeito reeleito como um político com força própria, independente de mentores e caciques. Além disso, o investimento pesado de Paes na zona oeste da capital carioca, onde se concentra o eleitorado mais pobre, conseguiu conquis­tar para Paes uma fatia de apoios de uma parcela da população que ainda exibia uma certa resis­tência ao peemedebista.

A reeleição, agora, ajuda a pa­vimentar o caminho de Paes para o governo do estado, mas só em 2018. Sérgio Cabral tem conver­sado com aliados sobre a inten­ção de deixar o governo do Rio no final de 2013, abrindo espaço pa­ra o vice, Luiz Fernando Pezão, ganhar musculatura para a cam­panha de 2014. Se concretizados os planos de Cabral, Pezão não disputaria a reeleição em 2018. A vaga seria do prefeito reeleito.

Dos candidatos à prefeitura do Rio, Paes foi o primeiro a registrar o voto, na manhã de ontem, ao lado da mulher, Cristine Assed, e dos filhos Isabela, de 6 anos, e Bernardo, de 8. "Hoje, sou o ho­mem mais feliz do mundo", disse após votar em São Conrado, zona sul. De lá, seguiu para a zona oes­te, onde desfilou em cima de um ipe com bandeiras do partido e foi saudado por moradores.

"Ele recuperou o espírito ale­gre do carioca. Aqui estava um clima meio estranho, parecia uma cidade triste. Ele merece ser reeleito", disse Laureano de Oli­veira, de 59 anos. O principal ad­versário dele, Marcelo Freixo (Psol), foi à urna no início da tar­de. Rodrigo Maia (DEM), Otávio Leite (PSDB) e Aspásia Camargo (PV) votaram pela manhã e de­clararam-se satisfeitos com os re­sultados da campanha.

Carioca de 42 anos, bacharel em direito, Paes entrou na política aos 23 anos, como subprefeito da Barra da Tijuca e Jacarepaguá, os maiores bairros da zona oeste, sob as bên­çãos do então prefeito César Maia, na época no PFL. O Cesarboy— como eram conhecidos os jovens lançados na política por Maia— ganhou capital político suficiente para se eleger como vereador mais votado do Rio em 1996 e, em 1998, deputado federal, Mas se afastou de seu primeiro padrinho político para pavimentar, no PSDB, seu caminho à prefeitura carioca. Com a mesma desenvoltura, trocou o ni­nho tucano em 2007 pelo PMDB.

Antes algoz do PT e do ex-pre­sidente Lula na CPI dos Correios, Paes pediu desculpas públicas pelas críticas que fez ao petista. Recebeu, então, o apoio de Lula e do governador Sérgio Cabral.

Relator do mensalão distribui autógrafos no Rio

O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Joaquim Barbosa, relator do processo do mensalão, foi aplaudido ao votar, na manhã de ontem, no Rio de Janeiro. Ele foi cumprimentado, tirou fotos e distribuiu autógrafos aos eleitores no Clube Monte Líbano, no Leblon (zona sul), onde foi instalada a seção onde o magistrado vota. Barbosa disse não acreditar que o mensalão tenha interferência nas eleições municipais. "As pessoas estão preocupadas com questões locais", disse ele. Joaquim Barbosa se esquivou de responder em quem votou, mas recordou que, em 2008, não votou em Fernando Gabeira (PV), candidato que, na ocasião, perdeu a disputa para Eduardo Paes (PMDB), reeleito em primeiro turno na capital fluminense. O ministro disse, porém, que votou em Gabeira em eleições anteriores, mas criticou a coligação do ex-deputado nas eleições passadas. "Não gostei da aliança", comentou. O relator do mensalão revelou, porém, que prefere as eleições definidas em segundo turno.