Correio braziliense, n. 20467, 04/06/2019. Brasil, p. 6

 

59 mil vagas em disputa no Sisu

Ingrid Soares

04/06/2019

 

 

Educação » Alunos que participaram do Enem e não tiraram zero na redação podem se candidatar a oportunidades em 1.731 cursos a partir de hoje. É a maior oferta em 10 anos, segundo o ministério

Começam hoje as inscrições para o Sistema de Seleção Unificada (Sisu). Segundo o Ministério da Educação (MEC), a segunda etapa do programa em 2019 tem a maior oferta em 10 anos. São 59.028 vagas, em 1.731 cursos e 76 instituições participantes. Os interessados têm até sexta-feira para se candidatar, por meio do site sisu.mec.gov.br. O resultado será divulgado em 10 de junho. Os participantes poderão ainda conferir a lista de espera entre 11 e 17 de junho.

Os estados com mais vagas são Rio de Janeiro, com 12.973; Minas Gerais, com 8.479; Bahia, com 6.745; e Paraíba, com 5.990 vagas. A instituição com maior número de oportunidades é a Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR), que oferece 4.388 vagas. No Distrito Federal, o Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Brasília (IFB) tem 480 oportunidades disponíveis para os cursos de administração, agroecologia, biologia, eventos, gestão pública, processos gerenciais, sistemas para internet e matemática.

De acordo com o secretário de Ensino Superior do MEC, Arnaldo Barbosa de Lima Junior, o bloqueio de R$ 1,704 bilhão no orçamento das universidades e institutos federais não surtiu impacto na admissão de novos alunos. “Não temos notícia de que tenha sido prejudicada. A gente acha que pode ser ofertado até mais, considerando o período noturno, e estamos conversando com as instituições”, afirma o secretário.

Contradição

Para a professora de política educacional da Universidade de Brasília (UnB) Catarina de Almeida Santos, embora o crescimento seja positivo, a expansão do número de vagas ocorre em cursos de baixa procura. O especialista em educação da Universidade de Brasília (UnB) Cleyton Gontijo também é simpatizante do Sisu, mas aponta que o anúncio do MEC é contraditório em meio aos cortes contingenciais de 30%.

“Esse pronunciamento é cheio de contradições num contexto em que o governo corta recursos das universidades e anuncia o aumento de oferta de vagas pelo Sisu. Para manter esse aumento, o governo deveria voltar atrás e acabar com esse corte que tem chamado de contingenciamento”, afirmou.

Podem participar do Sisu os estudantes que fizeram prova do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) em 2018 e obtiveram nota na redação acima de zero. Durante o período de inscrição pelo Sisu, uma vez ao dia, o sistema calcula a nota de corte, que é a menor nota para o candidato ficar entre os potencialmente selecionados.

Em um balanço do primeiro processo do ano, o Sisu teve 2,11 milhões de inscritos e 4,14 milhões de inscrições, uma vez que cada aluno pode escolher até duas opções de curso.

O que é preciso

Para se inscrever no Sisu, o candidato deve informar o número de inscrição e senha cadastrados no Enem de 2018. Caso o candidato não se lembre, pode recuperar na página do Enem. A inscrição é feita exclusivamente pela internet, na página do Sisu, sem a cobrança de taxas. Ao realizar a inscrição, o candidato deve estar atento aos documentos exigidos pelas instituições para a efetivação da matrícula, em caso de aprovação. Essa informação estará disponível no Sisu, no momento da inscrição. Ao finalizá-la, o sistema possibilita ao candidato a impressão do comprovante de inscrição.

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 Iata apela a Bolsonaro

Bernardo Bittar

04/06/2019

 

 

Coreia do Sul — O vice-presidente da Associação Internacional de Transporte Aéreo (Iata) na América Latina, Peter Cerdá, informou ter enviado uma carta ao presidente Jair Bolsonaro pedindo que ele vete despacho gratuito de bagagens no país.

Para o executivo, trata-se de uma maneira de pressionar internacionalmente o país, já que, nas palavras dele, “outras empresas também entraram em contato com o governo brasileiro”. Recentemente, o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) e a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) também recomendaram ao presidente o veto. Um dos motivos, segundo os órgãos, seria a concorrência.

Durante convenção promovida pela associação em Seul, capital da Coreia do Sul, o diretor-geral da Iata, Alexandre de Juniac, lembrou que o Brasil é “um lugar cheio de aeroportos que poderia ser um grande lugar para a aviação. Poderia ser um bom mercado, mas os custos são muito altos”.

Juniac afirmou que “o Brasil cria muitas dificuldades para a manutenção de linhas aéreas” e disse não estar otimista com os resultados de 2019. O executivo salientou que “as dificuldades da legislação brasileira e o sistema de proteção ao consumidor são muito complexos e têm reflexos nos números”.

Histórico

A cobrança por despacho de bagagem em voos domésticos e internacionais foi liberada pela Anac em 2016. Uma resolução da agência reguladora estabeleceu que as empresas poderiam cobrar e que o passageiro teria o direito a levar, na cabine da aeronave, apenas uma mala de mão de até 10kg.

No mês passado, o Congresso Nacional aprovou a Medida Provisória 863/18 que liberou 100% de participação de capital estrangeiro nas empresas aéreas com uma emenda que retomou a gratuidade da bagagem despachada. Na ocasião o presidente Bolsonaro sinalizou que não vetaria esse ponto da medida, pois “seu coração” dizia para fazer isso.

Na semana passada, no entanto, mudou de ideia e disse que a tendência é de que vete esse item da MP aprovada. “Não é pelo autor ser do PT, não. Se bem que é um indicativo. Os caras são socialistas, comunistas, estatizantes. Eles gostam de pobre”, disse em uma live na quinta-feira passada. O Planalto tem até 17 de junho para sancionar a matéria.

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Mais votada na UFRJ

04/06/2019

 

 

O Diário Oficial da União (DOU) trouxe ontem a nomeação de quatro reitores de universidades federais, com mandatos de quatro anos. Entre os nomes confirmados estava o da professora Denise Pires de Carvalho para Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Ela é a primeira mulher a assumir o principal cargo da UFRJ em quase 100 anos.

O nome de Denise veio de uma lista tríplice. Seguindo longa tradição democrática, os conselheiros desse colégio, especialmente formado para o processo, costumam levar em conta a vontade popular expressa na pesquisa. Afastando todas as dúvidas sobre a nomeação do mais votado, em 20 de maio, o presidente Jair Bolsonaro afirmou que respeitaria a escolha e confirmaria o nome de Denise para o cargo. A nomeação foi assinada na última sexta-feira. Ela foi escolhida pela comunidade acadêmica em primeiro turno da consulta eleitoral, com 9.427 votos, e confirmada pelo colégio eleitoral da instituição.

Denise é professora titular do Instituto de Biofísica Carlos Chagas Filho (IBCCF/UFRJ). Leciona nos cursos de graduação da área da saúde e nos programas de pós-graduação em Medicina (endocrinologia) e Ciências Biológicas-Fisiologia da UFRJ. É também médica formada pela UFRJ com diploma cum laude, possui mestrado e doutorado em ciências biológicas (biofísica), ambos pelo IBCCF/UFRJ.

Além dela, também foram nomeados: Gleisson Alisson Pereira de Brito, para a Universidade Federal da Integração Latino-Americana; Uberlando Tiburtino Leite, para o Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Rondônia; e Ricardo Luiz Lange Ness, para a Universidade Federal do Cariri. (IS)