Título: Ajuda de 59 bilhões de euros
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Fonte: Correio Braziliense, 29/09/2012, Economia, p. 19

O sistema financeiro espanhol precisa de um aporte de 59,3 bilhões de euros para lidar com uma situação — ainda hipotética — de sério estresse econômico, segundo auditoria independente sobre 14 bancos realizada ontem pela consultoria Oliver Wyman. Segundo o governo do país, cerca de 40 bilhões de euros desse total serão fornecidos poela União Europeia. O restante deverá ser captado pelas próprias instituições financeiras, fragilizadas por uma prolongada crise do mercado imobiliário.

A maior parte das necessidades de capital envolve quatro bancos que já foram auxiliados pelo governo e concentram 49 bilhões da necessidade de novos aportes. Metade disso é exigido para equilibrar as contas do Bankia, que passou ao controle estatal neste ano. Mais de 60% do sistema bancário, incluindo os peso-pesados Santander e BBVA, não necessitam de capital extra.

As instituições financeiras apresentarão no mês que vem ao Banco da Espanha, autoridade monetária do país, planos para levantar capital próprio, incluindo emissão de ações, vendas de ativos e imposição de perdas sobre detentores de bônus.

A auditoria foi uma condição para uma capitalização dos bancos europeus de até 100 bilhões de euros de fundos europeus para auxiliar seus bancos. O vice-presidente do Banco da Espanha, Fernando Restoy, chamou a atenção, em entrevista a jornalistas, para o fato de que a Oliver Wyman chegou a um montante "um terço inferior" ao inicialmente estimado. O país deve receber o aporte de recursos a ser definido em novembro.

O cenário econômico adverso em que se baseou a auditoria está rapidamente se tornando realidade na Espanha, à medida que cortes de gastos públicos e aumentos de impostos dificultam a recuperação na quarta maior economia da zona do euro. O país assumiu o lugar da Grécia, da Irlanda e de Portugal como a principal ameaça à moeda única europeia e tem sofrido o pior aperto de crédito em 50 anos. A expectativa é de que as medidas que estão sendo tomadas reativem a oferta de empréstimos.

Os resultados da auditoria vieram em linha com as expectativas do governo e do mercado, e foram bem recebidos pela Comissão Europeia, pelo Banco Central Europeu (BCE) e pelo Fundo Monetário Internacional (FMI). "É mais uma camada de incerteza de que nos livramos", disse o analista do Commerzbank David Schnautz. "Agora, estamos todos ansiosos para saber qual será a opinião das agências de classificação de risco de crédito." A agência Moody"s deve revisar a nota da Espanha na próxima segunda-feira. Atualmente, o país está um patamar acima do grau especulativo, com perspectiva negativa.