O Estado de São Paulo, n. 45886, 05/06/2019. Política, p. A8

 

Lava Jato denuncia Jucá por corrupção na Transpetro

 

 

Pepita Ortega

Fausto Macedo

Ex-senador e presidente do MDB é acusado de receber R$ 1 milhão para direcionar contratos da subsidiária da Petrobrás

 

 

O Ministério Público Federal no Paraná denunciou o ex-senador e atual presidente do MDB, Romero Jucá (RR), e o ex-presidente da Transpetro e delator Sérgio Machado pelo crime de corrupção em esquema mantido na subsidiária da Petrobrás. Segundo a acusação, Jucá recebeu pagamentos ilícitos de pelo menos R$ 1 milhão em 2010 em razão de quatro contratos e sete aditivos celebrados entre a Galvão Engenharia e a Transpetro.

De acordo com a força-tarefa da Lava Jato, a Galvão Engenharia, “com o objetivo de continuar recebendo convites para participar das licitações da estatal”, pagava propinas de 5% do valor de todos os contratos com a subsidiária da Petrobrás “a integrantes do MDB que compunham o núcleo de sustentação de Sérgio Machado”, então presidente da Transpetro.

Machado foi indicado e mantido no cargo por Jucá e integrantes do MDB e, de acordo com o Ministério Público, tinha “a função de arrecadar propinas para seus padrinhos políticos” e “garantiria às empreiteiras a continuidade dos contratos e a expedição de futuros convites para licitações”.

Os repasses feitos pela Galvão Engenharia foram, conforme a denúncia, “disfarçados” por meio de doação eleitoral oficial. Em junho de 2010, a empresa efetuou o pagamento ao diretório estadual do então PMDB em Roraima. O valor foi depois direcionado às campanhas de Jucá ao Senado, de seu filho, que concorria a deputado estadual, e de sua ex-mulher, então candidata a deputado federal.

Segundo o Ministério Público Federal, a Galvão Engenharia “não tinha qualquer interesse em Roraima que justificasse a realização da doação oficial, a não ser o direcionamento de propinas para Romero Jucá”.

A Lava Jato em Curitiba já ofereceu cinco denúncias relativas ao esquema na Transpetro.

 

Defesas. A defesa de Jucá afirmou que a delação de Machado não tem “credibilidade”. “Acreditar que Sérgio Machado falava em nome do ex-senador Romero Jucá só pode ser imputado a esta sanha punitiva que tem desmoralizado o trabalho da Lava Jato”, disse o advogado Antônio Carlos de Almeida Castro. Defensor de Machado, Antonio Sérgio Pitombo afirmou que a denúncia “demonstra a robustez das provas fornecidas pelo acordo de colaboração” do ex-presidente da Transpetro. Machado, disse o advogado, “continua colaborando com a Procuradoria-Geral da República e o Ministério Público”.

Procuradas, a Transpetro e a Galvão Engenharia não responderam ao Estado até a conclusão desta edição.