Correio braziliense, n. 20475, 12/06/2019. Política, p. 2

 

Críticas a Raquel Dodge

Cláudia Dianni

Leonardo Cavalcanti

12/06/2019

 

 

Candidatos às eleições internas do Ministério Público, que escolhem no próximo dia 18 os nomes que vão compor a lista tríplice a ser enviada ao presidente Jair Bolsonaro, defenderam os procuradores da Lava-Jato, em debate, ontem, na Associação Nacional dos Procuradores da República (ANPR), em Porto Alegre.

José Robalinho Cavalcanti, que até o mês passado presidiu a ANPR e é um dos favoritos para compor a lista, criticou o “silêncio” da procuradora-geral da República, Raquel Dodge, com relação aos ataques que a força-tarefa vem recebendo desde as divulgações do The Intercept. “O que se viu foi um poderoso e estrondoso silêncio. Nem uma palavra”, disse Robalinho. “Em uma crise como essa, quando a instituição está sendo atacada, cabe ao procurador-geral e à Procuradoria-Geral, como órgão, tomar a frente em defesa da instituição”, afirmou.

Antes do debate, a assessoria da PGR informou que Dodge não ia comentar o hackeamento dos diálogos, pois, como procuradora-geral, ela preside o Conselho Nacional do Ministério Público, portanto, terá de se manifestar sobre a investigação aberta pelo CNPM. Além disso, se um condenado pedir a suspensão do processo que resultou em sua condenação, e o caso chegar ao Supremo Tribunal Federal, o STF vai pedir a manifestação do Ministério Público, portanto, a procuradora-geral não pode se antecipar por razões institucionais. A PGR não comentou as críticas de Robalinho.

Em maio, Dodge determinou a abertura de um procedimento administrativo para acompanhar investigações sobre tentativas de ataques cibernéticos a integrantes do Ministério Público Federal, que, segundo a PGR, servirão como subsídios para as investigações em curso.