Título: PMDB: noiva cobiçada no altar do 2º turno
Autor: Kleber, Leandro
Fonte: Correio Braziliense, 10/10/2012, Política, p. 8

Legenda com maior número de candidatos em terceiro e quarto lugares nas eleições das capitais deve priorizar alianças com quem está na base da presidente Dilma. Mas há exceções, como em Salvador

O sonho de consumo dos partidos que disputam o segundo turno é fechar alianças com os derrotados para conquistar os eleitores de quem está, agora, fora da disputa. E as negociações irão esbarrar, necessariamente, nos caciques do PMDB, partido que reúne o maior número de candidatos que ficaram em terceiro e quarto lugares no primeiro turno das eleições municipais, a maioria com bons percentuais de votação.

Entre as 17 capitais que vão à urnas novamente em 28 de outubro, o PMDB ficou de fora em seis, mas com candidatos que chegaram perto do segundo turno. As costuras políticas, agora, não têm mais o objetivo de ganhar tempo de propaganda no rádio e na televisão, pois os minutos passam a ser divididos igualmente entre os dois candidatos – as inserções diárias devem recomeçar até sábado.

Para o presidente do PMDB, senador Valdir Raupp (RO), o partido deverá apoiar, de maneira geral, os candidatos de partidos da base do governo federal, mas há exceções. "As bases estaduais têm tido autonomia para deliberar sobre quem vai apoiar ou não. Há uma tendência em apoiar o PT onde a disputa é com o PSDB, exceto em raras ocasiões em que existem alianças históricas consolidadas com o PSDB. No mais, há preferência de chapa com o PT e partidos da base", explica.

Em São Paulo, o tucano José Serra, que aparece nas pesquisas eleitorais com percentuais de rejeição na casa dos 40%, tenta fechar aliança com o PRB de Celso Russomanno, mais um integrante da base do governo Dilma Rousseff. Se o PT de Fernando Haddad costurar o apoio das duas legendas mais votadas que não conseguiram avançar ao segundo turno (PMDB e PRB), estará mais perto de conquistar cerca de 2 milhões de votos. No total, o eleitorado paulistano soma mais de 8,6 milhões de pessoas.

O PMDB, agremiação que mais elegeu prefeitos e vereadores no último domingo, espera costurar as alianças deste segundo turno até o fim da semana. Mas, em Porto Velho, base de Raupp, o partido já fechou questão: ficará neutro na disputa entre Lindomar Garçon (PV) e Mauro Nazif (PSB). "São dois amigos, dois deputados federais da base. Vamos liberar as lideranças para votar em quem desejarem", garante.

Petistas x tucanos O PSDB é a sigla que mais aparece nos duelos das capitais neste segundo turno, com oito disputas, seguido do PT, com seis, e PMDB e PSB, com três cada. O PSD do prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab, só está no páreo em uma única disputa: Florianópolis. Lá, a briga é contra um candidato do PMDB. Petistas e tucanos duelam em três capitais: São Paulo, João Pessoa e Rio Branco. E é só na capital paulista que o Partido dos Trabalhadores largou em desvantagem para o segundo turno. Já o PSol, que pela primeira vez na história disputa duas capitais em segundo turno — Macapá e Belém — terá de buscar apoio, principalmente, no Amapá, onde largou atrás com uma diferença percentual de 12 pontos em relação ao primeiro colocado, o prefeito Roberto Góes, do PDT.

Em Salvador, segundo maior colégio eleitoral do segundo turno, o PMDB pode ser o fiel da balança na disputa acirrada (menos de 1 ponto percentual de diferença) entre os deputados ACM Neto (DEM) e Nelson Pelegrino (PT). O candidato do PMDB à prefeitura da capital baiana, Mario Kertész, alcançou quase 122 mil votos, equivalentes a 9% do eleitorado. O cacique do partido na Bahia, Geddel Vieira Lima, já deixou claro que prefere uma aliança com o candidato do DEM, apesar de ocupar uma vice-presidência da Caixa Econômica Federal, nomeado pela presidente Dilma Rousseff. Se a aliança se concretizar, Geddel deverá deixar o cargo.