Valor econômico, v.20, n.4855, 10/10/2019. Brasil, p. A6

 

Vazamento veio de navio estrangeiro, diz Salles 

Renan Truffi

10/10/2019

 

 

O ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, disse que o óleo vazado na costa brasileira e que atingiu praias de ao menos nove Estados do Nordeste veio de um navio estrangeiro “com derramamento acidental ou não”. Além disso, Salles corroborou informação da Petrobras de que o petróleo seria venezuelano.

"Esse petróleo que está vindo muito provavelmente da Venezuela, como disse o estudo da Petrobras, é um petróleo que veio de um navio estrangeiro, ao que tudo indica, navegando próximo à costa brasileira, com derramamento acidental ou não, e que nós estamos tendo uma enorme dificuldade de conter", afirmou em audiência pública na Comissão de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável da Câmara dos Deputados.

Salles também usou o episódio para defender um aprimoramento de “mecanismos” que possam evitar tragédias ambientais como essa. “Estamos tendo dificuldade de conter [o óleo] não por inação dos órgãos, que estão trabalhando incessantemente desde o início de setembro”, disse ele, buscando diferenciar os incidentes com causa determinada dos casos em que a origem do óleo é desconhecida, como o episódio atual. “Quando é uma origem indeterminada e desconhecida, como o caso presente, a sistemática precisa ser claramente aprimorada.”

Ele destacou também que os recursos repassados pela Noruega para o Fundo Amazônia, destinados a ações de prevenção, monitoramento e combate ao desmatamento na floresta, são fruto da exploração de petróleo. Segundo ele, o país europeu “soube fazer essa exploração” e, por isso, o Brasil precisa colocar “mais pragmatismo” nessa discussão. “A Noruega soube usar esses recursos [da exploração de petróleo] para construir um fundo soberano que garante uma série de benefícios sociais”, afirmou. “[Esse caso] vislumbra como há, sim, consequência positiva quando o endereçamento dos temas dos recursos ambientais é feito com bons parâmetros.”

Na opinião do ministro, o Brasil teve, nos últimos anos, uma política ambiental “avessa ao desenvolvimento”. Segundo Salles, não há como garantir preservação da floresta se a população que vive no Estado sofre com problemas de razão econômica. Para ele, até agora, apenas ONGs eram bem-vindas na Amazônia e isso “não resultou bem”. “Não tivemos até hoje as políticas adequadas para atração de investimento do ecoturismo para a Amazônia.”

Ele também relativizou a resistência do governo em demarcar terras indígenas. "Já há bastante demarcações", disse Salles, que foi surpreendido por um jovem que lhe entregou o “Prêmio Exterminador do Futuro” na audiência. Ele colocou o a imagem de um boneco sobre o tronco de uma árvore cortada sob a mesa e não respondeu à provocação do jovem, que foi retirado pela segurança.