O Estado de São Paulo, n. 45882, 01/06/2019. Política, p. A10

 

‘Fomos pegando qualquer um para o PSL’

 

 

 

01/06/19

 

 

Em entrevista à revista Veja, o presidente Jair Bolsonaro citou a “inexperiência” de parlamentares eleitos pelo PSL nas eleições do ano passado. Para ele, o partido foi “criado” em março de 2018 – data de sua filiação –, apesar de a sigla existir desde outubro de 1994 (o registro definitivo saiu em 1998). “Fomos pegando qualquer um”, afirmou o presidente.

“E tem muita gente que entrou e acabou se elegendo com a estratégia que eu adotei na internet”, completou ele na entrevista. “Eu falava: ‘clica aqui, vote em um desses colegas nossos’. Teve muita gente que falou para mim: ‘nossa, eu não esperava me eleger’.”

Para Bolsonaro, essa formação explicaria a inexperiência de seus colegas de partido. “O pessoal chegou aqui completamente inexperiente, alguns achando que ‘vou resolver o problema no peito e na raça’. Não é assim.”

Questionado sobre a possibilidade de mudar de partido, Bolsonaro respondeu: “Quando a gente se casa, a gente jura amor eterno. Está respondido?” Anteontem, durante convenção do DEM, o ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, insinuou que o presidente poderia deixar o PSL e voltar para o DEM (Bolsonaro já foi filiado ao PFL, hoje DEM).

Bolsonaro falou também sobre as investigações envolvendo seu filho mais velho, o senador Flávio Bolsonaro (PSL-RJ), e Fabrício Queiroz, que o assessorou na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro. “Estou chateado, porque houve depósitos na conta dele (Queiroz), ninguém sabia disso, e ele tem de explicar isso daí”, disse o presidente, em referência à movimentação de R$ 1,2 milhão considerada atípica pelo Coaf. O caso foi revelado pelo Estado.

“Pode ter coisa errada? Pode, não estou dizendo que tem”, disse Bolsonaro, que também mantinha relação de amizade com o ex-assessor do filho. “Mas tem o superdimensionamento, porque sou eu, porque é meu filho. Ninguém mais do que eu quer a solução desse caso o mais rápido possível.”