Título: Discussão no plenário
Autor: Campos, Ana Maria
Fonte: Correio Braziliense, 21/09/2012, Política, p. 2

A decisão do relator, Joaquim Barbosa, de condenar 12 réus do núcleo político por lavagem de dinheiro motivou uma discussão no plenário ontem, o que indica que os debates acerca desse delito serão acalorados nas próximas sessões. Barbosa foi interrompido pelo ministro Marco Aurélio Mello, que questionou o relator se ele condenaria os réus por esse delito caso o recebimento dos recursos não tivesse ocorrido na agência do Rural. "Estou assustado com o conceito de lavagem que está sendo veiculado", comentou Marco Aurélio.

Diante dos questionamentos, Joaquim Barbosa justificou que os repasses de dinheiro de forma dissimulada não eram uma prática isolada. "Era um sistema, um script que foi seguido por vários réus. Era uma mise en scène", explicou o relator. Marco Aurélio fez uma nova intervenção para afirmar que o local da entrega dos recursos e o uso de intermediários não teriam poder para interferir na caracterização do crime de lavagem. Nesse caso, ele acredita que tudo isso seria apenas "um exaurimento do crime de corrupção." "Mensalão passou a ser sinonímia de lavagem de dinheiro", criticou.

Barbosa explicou, então, que, no seu entendimento, o mais relevante é o fato de que foi montada uma operação para esconder a origem e natureza dos recursos. A discussão divide o plenário. Na parte da denúncia contra o deputado João Paulo Cunha (PT-SP) sobre lavagem, o placar terminou em 6 a 5. Outro tema jurídico do qual se ocuparam os ministros foi o debate sobre o chamado ato de ofício e a necessidade de comprová-lo ou não para caracterizar o crime de corrupção. (AMC, HM e DA)