Título: Haddad abre vantagem
Autor: Lyra, Paulo de Tarso
Fonte: Correio Braziliense, 11/10/2012, Política, p. 6

A primeira pesquisa Data-folha do segundo turno das eleições municipais mostrou que o candidato do PT à prefeitura de São Paulo, Fernando Haddad, disparou na liderança. Haddad aparece com 47% das intenções de voto contra 37% de José Serra (PSDB). A margem de erro é de dois pontos percentuais para mais ou para menos. De acordo com a pesquisa, 8% dos eleitores ainda não sabem em quem votar e outros 8% marcarão branco, nulo ou não pretendem votar.

O resultado mostra uma reversão dos números finais do primeiro turno. Concluída a apuração no domingo à noite, Serra apareceu com 30,75% dos votos válidos. O rival tinha 28,98%. Na época, uma simulação de segundo turno também apontava vantagem de Haddad, entretanto, menor do que a verificada ontem: o petista seria eleito por 45% a 39% das intenções de votos.

Os números chegam com as articulações do PT e do PSDB em busca de apoio dos candidatos derrotados no primeiro turno. O comando de campanha de Fernando Haddad esperava anunciar ontem o apoio do PMDB de Gabriel Chalita. Viu, no entanto, frustradas as expectativas, adiadas para a manhã de hoje.

Em troca do apoio a Haddad, o PMDB pede que o PT fique neutro na disputa do segundo turno em Natal e não jogue o peso da máquina federal na disputa em Mauá, região metropolitana de São Paulo. Na capital potiguar, disputam o segundo turno o pedetista Carlos Henrique e o peemedebista Her-mano Morais, apoiado pelo líder do partido na Câmara, Henrique Eduardo Alves (RN). Os petistas potiguares ameaçam apoiar Carlos Henrique. Temer prometeu que isso não aconteceria.

Insatisfações

Para pressionar o PT, Temer lembra que, em São Paulo, o PDT do deputado Paulo Pereira da Silva, o Paulinho da Força, já afirmou que alegenda apoiará o tucano José Serra. “Eles querem nosso apoio a Haddad e, em Natal, ficam com o PDT, que já confirmou o apoio ao candidato do PSDB?” reclamou um interlocutor do PMDB. Integrantes do partido negam que a legenda esteja pressionando por mais ministérios. “Se a gente fizesse isso, complicava. Qual ministério vale a prefeitura de São Paulo?”, indagou um deputado peemedebista.

Enquanto tenta atrair o apoio do PMDB, o PT de Fernando Haddad fica sem a parceria de outros três partidos que compõem a base de apoio da presidente Dilma Rousseff: PDT, PTB e PRB. Paulinho adiou para hoje o anúncio da parceria com Serra e declarou que a escolha é uma decisão de coerência política. “Não tem nenhum acordo, tem uma opção política do PDT, porque nós acreditamos que, quanto mais poder o PT tem, pior fica. Nós apoiamos a presidente Dilma e em nenhum momento os acordos foram cumpridos”, criticou.

O PTB também decidiu alinhar-se ao tucano. O partido indicou o vice—o advogado Luiz Flá-vio D’Urso—na chapa do candidato derrotado Celso Russoman-no (PRB). A escolha já era esperada pelo PT. O presidente estadual do PTB, Campos Machado, é amigo pessoal do governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB). Já Russomanno e o PRB, que ficaram em terceiro nas eleições, decidiram ficar neutros no segundo turno da disputa paulistana, mesmo comandando o Ministério da Pesca com Marcelo Crivella.