Título: Insegurança exige resposta imediata no DF
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Fonte: Correio Braziliense, 11/10/2012, Opinião, p. 16

As forças da Segurança Pública estão impotentes diante da escalada da violência no Distrito Federal. Nos oito primeiros meses deste ano, o número de furtos em estabelecimentos comerciais aumentou 20,8% em relação ao mesmo período do ano passado; os de roubos, 35,8%. Nos postos de combustíveis, foram 15% maiores. Na comparação entre os primeiros semestres de 2011 e 2012, os sequestros relâmpagos cresceram 35,8%. Nessa modalidade de crime, a polícia informa haver reduzido as estatísticas de 12 para seis casos semanais. Mas em agosto chegaram a ser registradas quatro ocorrências num espaço de tempo inferior a 24 horas.

O GDF até já apelou à União, em busca de ajuda. Em resposta, efetivo da Força Nacional de Segurança passou a atuar no DF a partir de 11 de setembro. Porém, nem o reforço federal nem investimentos particulares na busca de proteção têm livrado o cidadão de incessantes ataques da bandidagem. A ousadia faz os criminosos agirem como se não corressem risco. Assim foi na terça-feira, quando, em pleno horário de almoço, invadiram um prédio no Sudoeste, passando despreocupadamente pelo circuito interno de tevê, fizeram oito funcionários reféns e conseguiram fugir, apesar de a polícia ter sido alertada e cercado a quadra comercial.

A desfaçatez é tanta que um salão de beleza da 111 Sul foi furtado três vezes num intervalo de 45 dias, entre 25 de agosto e segunda-feira última. Além do prejuízo de R$ 25 mil, o dono contabiliza gastos de R$ 18 mil com segurança, incluindo a contratação de vigilante armado. Mas, apesar de haver gravado em vídeo a ação dos bandidos, as imagens de pouco serviram. Com a Polícia Civil em greve, ele nem sequer pôde registrar um dos furtos. Também na segunda-feira, uma lanchonete foi invadida por bandidos armados no Lago Sul e cinco postos de gasolina atacados num espécie de arrastão em Ceilândia e Taguatinga. Pelo menos esses últimos foram presos por quatro viaturas da PM.

Há tempos se cobra ação preventiva da Segurança Pública, com policiamento ostensivo e operações de inteligência. Presidente da Associação Comercial do DF, Cléber Pires diz que "o clamor (por proteção) é geral, e o sentimento, de impotência porque o Estado não tem feito o dever de casa". Ele afirma que os constantes assaltos podem levar empresas à falência, já que a maioria é de pequeno e médio porte. Acrescenta que o contingente policial é o mesmo há vários anos. Subsecretário de Segurança, Jooziel de Melo Freire admite a falta de pessoal, mas ressalva a dependência de recursos federais e descreve um planejamento para a Copa do Mundo de 2014, com a contratação de mil policiais ao ano até lá. A questão é que pessoas físicas e jurídicas não podem esperar mais um dia sequer à mercê de criminosos, inteiramente vulneráveis, apesar dos altos impostos recolhidos ao Estado.