Valor econômico, v. 20, n. 4853, 08/10/2019. Brasil, p. A4

 

Óleo nas praias do Nordeste não tem origem no Brasil, afirma Bolsonaro

Renan Truffi

Fabio Murakawa

08/10/2019

 

 

Presidente afirma que investigações ainda estão em curso e que produto pode ter vazdo até de embarcação naufragada

O presidente Jair Bolsonaro disse que o vazamento que se espalhou pela costa nordestina é de óleo que não é produzido ou comercializado no país e pode ter vindo de um navio estrangeiro. Segundo Bolsonaro, o governo federal já identificou qual pode ser o país responsável pelo vazamento, mas informou que essa informação ainda não pode ser divulgada.

“O que está constatado é que existe petróleo nesse óleo, ele não é produzido no Brasil nem é comercializado no Brasil”, disse. “Aproximadamente 140 navios fizeram o trajeto por aquela região e pode ser algo criminoso, pode ser um vazamento acidental, pode ser um navio que naufragou também, agora é complexo. Temos no radar um país que pode ser a origem desse óleo e trabalhamos da melhor maneira possível para dar uma satisfação à sociedade.”

Bolsonaro falou após reunião no Ministério da Defesa. Além disso, ele afirmou que o óleo “tem um DNA” e o governo tem certeza que, por isso, o petróleo não é brasileiro. “Estamos investigando, analisando. Tem um DNA: não é produzido em território brasileiro, não é comercializado de fora para cá esse tipo de óleo. A certeza é que não é do Brasil, não é responsabilidade nossa. A análise vai dizer de que país é, de onde é, que país veio, qual navio.”

O presidente ainda negou que o governo tenha demorado para agir. “Essas manchas de petróleo que apareceram nas praias do Nordeste começaram a ser analisadas por nós desde de 2 de setembro, há mais de 30 dias. E, como elas persistiram, nós fizemos uma ordem de serviço para oficializar o que estávamos fazendo. É uma investigação bastante complexa porque elas migram para o norte e para o sul na região da Paraíba e tem uma corrente da África. Para cima, tem uma corrente das Guianas, para baixo, no sul, tem a corrente do Brasil”, ressaltou

O ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, sobrevoou o litoral sergipano para avaliar o impacto das manchas de óleo encontradas desde o dia 2 de setembro em toda a costa nordestina. Até domingo o material oleoso havia atingido 132 praias de 61 municípios de nove estados do Nordeste. O Ibama está fazendo o monitoramento diário.

O sobrevoo durou cerca de 30 minutos. O ministro estava acompanhado do governador do Estado, Belivaldo Chagas, e gestores do Ibama - o diretor de Proteção, Olivaldi Alves, e o chefe-substituto da Coordenação-Geral de Emergências Ambientais, Marcelo Amorim. O presidente do ICMBio, Homero Cerqueira, também viajou a Sergipe.

O helicóptero que conduzia o grupo pousou na praia do Viral, no litoral sul do Estado, onde trabalhadores faziam a limpeza do local.