Título: Arrecadação menor
Autor: Bancillon, Deco
Fonte: Correio Braziliense, 21/09/2012, Economia, p. 12

Confirmando prognósticos do mercado, o governo divulgou ontem a redução da estimativa para o crescimento da arrecadação federal. A previsão é recolher R$ 11,7 bilhões a menos do que foi anunciado em julho, segundo consta no relatório de revisão bimestral do Orçamento, divulgado ontem pelo Ministério do Planejamento. Com essa correção, a projeção para geração de receitas já é R$ 35 bilhões menor que a divulgada pelo Executivo no decreto de reprogramação orçamentária, no início do ano.

Ainda assim esse número é bastante otimista perto da projeção que analistas fazem para o ano. Conforme publicou o Correio, a avaliação pode chegar a R$ 71 bilhões a menos nos cofres do governo. A estimativa leva em conta uma redução de 0,6 ponto percentual na estimativa feita pela Receita Federal da arrecadação do país. Até agosto, o governo reiterou que entregaria uma geração de caixa 3,5% maior da que a registrada em 2011, já descontando os efeitos da inflação no período.

Esse número deverá ser revisto na próxima semana, quando o Leão vai divulgar o resultado do recolhimento de agosto. Segundo contou uma fonte do Ministério da Fazenda, deve subir na comparação mensal, ao contrário do que aconteceu em junho e julho, quando registrou queda. Isso deve ocorrer, sobretudo, por causa de um maior recolhimento de receitas atípicas. Entram nessa conta o pagamento de royalties sobre a produção de petróleo e gás e a entrega de dividendos (espécie de lucro) das empresas estatais ao Tesouro Nacional.

Essa sinalização já constou no relatório de revisão bimestral do Orçamento, em que o governo avisa que espera contar com uma arrecadação de royalties superior em R$ 3 bilhões ao que foi projetado há dois meses, no documento do terceiro bimestre. Ao longo do ano, porém, essa conta mostra uma ampliação de R$ 6,7 bilhões do que foi previsto pelo decreto de reprogramação orçamentária. (DB)

» Novos parâmetros

O governo revisou os principais parâmetros macroeconômicos que guiam a execução do Orçamento Federal. A principal alteração foi a oficialização de um Produto Interno Bruto (PIB) menor para este ano. Segundo o documento, o crescimento da economia cairá de 3% para 2% em 2012 — número já anunciado na semana passada, pelo ministro da Fazenda, Guido Mantega. Também foi revisada para baixo a previsão da taxa média da Selic. Para o governo, os juros ficarão no patamar atual, 7,5% ao ano, o que apenas corrige o número anterior, de 8% ao ano. Já a taxa de câmbio foi aumentada em 1,6%, de US$ 1,93 para US$ 1,96. Com isso, o governo praticamente garante que fará de tudo para impedir a valorização da moeda brasileira. Outras variáveis importantes, como a inflação oficial, a massa salarial e o preço médio do barril de petróleo, foram mantidas inalteradas.