O globo, n. 31400, 27/07/2019. País, p. 4

 

Justiça prorroga prisões temporárias por mais 5 dias

Aguirre Talento

Leandro Prazeres

27/07/2019

 

 

PF argumentou que precisa analisar provas e tomar novos depoimentos. Para juiz, investigados poderiam apagar evidências

O juiz Vallisney de Oliveira, da 10ª Vara Federal do Distrito Federal, determinou ontem a prorrogação por mais cinco dias da prisão temporária dos quatro suspeitos de hackear telefones celulares e contas do aplicativo Telegram de autoridades dos três Poderes, entre elas o ministro da Justiça, Sergio Moro. Walter Delgatti Neto, Gustavo Henrique Elias Santos, Suelen Oliveira e Danilo Marques foram presos na última terça-feira pela Polícia Federal na Operação Spoofing, deflagrada nas cidades de São Paulo, Araraquara (SP) e Ribeirão Preto (SP). Em seguida, os quatro foram transferidos para Brasília. A operação também realizou buscas e apreensões em sete endereços ligados ao grupo. Vallisney de Oliveira acolheu um pedido de prorrogação da prisão feito pela PF, que argumentou precisar de mais tempo para a análise das provas apreendidas. As temporárias venceriam hoje. Os presos devem prestar novos depoimentos nos próximos dias.

Risco para investigação

O juiz da 10ª Vara do DF citou também no despacho que os investigados poderiam, caso fossem soltos, apagar evidências e, assim, prejudicar a investigação. “Sem a prorrogação de mais cinco dias das prisões, soltos, os investigados poderão agir e combinar e praticar condutas, isoladamente e em conjunto, visando apagar provas em outros endereços, mudar senhas de contas virtuais, fazer contatos com outras pessoas eventualmente envolvidas, retirar valores de contas desconhecidas ou de algum modo prejudicar o inquérito policial”, afirmou Vallisney de Oliveira na decisão. Nos depoimentos prestados ao longo da semana, apenas Delgatti assumiu a responsabilidade pela interceptação de mensagens. Os outros três investigados, Santos, Suelen e o motorista Danilo Cristiano Marques, negaram qualquer participação nos ataques. Os investigadores chegaram aos suspeitos após realizar uma perícia no aparelho celular de Moro. O ministro acionou a PF no dia 5 de junho, ao perceber a tentativa de invasão.