O globo, n. 31399, 26/07/2019. Artigos, p. 2

 

Paulo Guedes quer negociar oxigênio da Amazônia

Paula Litaiff

Thaise Rocha

26/07/2019

 

 

Ministro defende ‘direito de propriedade’. Bolsonaro afirma que região pode se tornar a ‘alma econômica’ do Brasil

O ministro da Economia, Paulo Guedes, propôs ontem, em Manaus, que o Brasil estude uma forma de negociar com outros países a propriedade sobre a produção do oxigênio da Amazônia. Ele defendeu a criação de uma Bolsa mundial de oxigênio. Já o presidente Jair Bolsonaro, por sua vez, declarou que a Região Amazônica é a “mais rica do planeta” e pode ser a “alma econômica” do Brasil.

— Queremos saber se os americanos reconhecem o direito de propriedade de oxigênio. Nós produzimos oxigênio para o mundo — afirmou o ministro, durante reunião do Conselho de Administração da Superintendência Regional da Zona Franca de Manaus (Suframa).

Guedes citou os EUA como parceiros nessa negociação, o que, segundo ele, colocaria o Brasil em “outro nível”:

— Nós brasileiros somos parceiros naturais dos americanos, mas queremos saber se eles reconhecem o direito de propriedade ao oxigênio que nós produzimos.

Em outro evento, o presidente também ressaltou as vantagens da região:

—Temos biodiversidade, riquezas minerais, água potável, grandes espaços vazios, áreas turísticas inimagináveis, para alavancar nossa economia partindo daqui—afirmou Bolson aro, ao receber homenagem em um colégio militarem Manaus.

—Ao casar desenvolvimento com preservação ambiental, nós seremos a alma econômica do Brasil.

Já Guedes, ao ser perguntado sobre alternativas econômicas para a região, afirmou:

—Tendo toda essa riqueza, vamos viver só de diferenças de impostos? — disse, em referência ao modelo da Zona Franca de Manaus.

— Com inteligência, podemos criar riquezas com a preservação da Amazônia. Há coisas aqui que ninguém tem mais condições de fazer.

Segundo o ministro, o governo quer que Manaus seja“um centro mundial de sustentabilidade e biodiversidade”. Ele disse ainda que a Amazônia teria prioridade no desenvolvimento sustentável, mas ressaltou que o governo tem dedar atenção a todas as regiões:

— O ideal seria que o Brasil fosse uma enorme zona franca, com impostos baixos.

Há três meses, Guedes afirmou, e mentre vista à Globonews, que não iria comprometer o país por causados incentivos à Zona Franca de Manaus e defendeu que a região busque alternativas econômicas.