Título: Disputa apimentada em Salvador
Autor: Correia, Karla
Fonte: Correio Braziliense, 12/10/2012, Política, p. 6

Candidato derrotado do PMDB ignora decisão do partido de ficar com ACM Neto no 2° turno e anuncia apoio a Nelson Pelegrino, do PT. O racha peemedebista antecipa aformação de alianças para as eleições ao governo da Bahia

Abriga entre ACM Neto, do DEM, e Nelson Pelegrino, do PT, por apoios no segundo turno da eleição municipal de Salvador, rachou o PMDB da Bahia. Um dos candidatos derrotados no primeiro turno, o radialista Má­rio Kertész surpreendeu a legen­da ao rejeitar a orientação do di­retório estadual do PMDB e anunciar o apoio a Pelegrino. O PMDB no estado, por sua vez, contrariou a Comissão Executi­va Nacional da sigla e embarcou na campanha de ACM Neto.

A decisão de Kertész, que já comandou a prefeitura de Salva­dor, foi comunicada em reunião com a cúpula do partido no es­tado, na quarta-feira. Com uma campanha fortemente lastreada nos ataques ao carlismo, do qual ACM Neto é herdeiro direto, Kertész disse ao presidente do PMDB na Bahia, deputado Lú­cio Vieira Lima, que não se sen­tiria confortável para participar da campanha do candidato demista. Ato contínuo, Vieira Lima pediu a Kertész que se desligas­se da agremiação.

"Foi um movimento natural. Ele veio para o partido com uma missão específica, que era gover­nar Salvador. Terminada a elei­ção, não havia mais o que ele fa­zer na legenda", disse o presiden­te do PMDB baiano. Filiado ao partido desde setembro do ano passado, Kertész revelou que o acordo firmado com o partido previa a sua não reeleição em 2016 caso vencesse a eleição. "Só dedicaria quatro anos da minha vida para Salvador", disse o radialista ao lado de Pelegrino, ao fazer o anúncio público de seu apoio ao candidato petista, ontem.

Segundo o presidente do PMDB baiano, o apoio a ACM Neto deve ser entendido como posicionamento natural da sigla que, apesar de ser aliada do PT no governo federal, faz forte oposi­ção ao governador da Bahia, o petista Jaques Wagner.

Mas é, também, fruto do des­contentamento do partido com a mobilização da máquina federal no apoio ao candidato do PT. A presença da presidente Dilma

Rousseff no palanque de Pelegrino no segundo turno, já tida co­mo certa pelo comitê eleitoral do candidato, é mais um agravante da crise com o PMDB baiano, li­derado pelos irmãos Lúcio e Geddel Vieira Lima. Geddel ocupa uma das vice-presidências da caixa Econômica Federal, no­meado por Dilma Rousseff.

"A Bahia é um caso à parte. A Executiva não irá interferir nis­so", disse o presidente nacional do PMDB, Valdir Raupp. Na úl­tima terça-feira, Raupp chegou a cogitar a possibilidade de Geddel ser forçado a deixar o car­go no banco estatal se o PMDB baiano decidisse — como deci­diu — entrar na campanha de ACM Neto. Mas a hipótese, até o momento, está afastada. "Es­sa é a decisão local. Se fosse a decisão da direção nacional, seria o contrário", disse o presi­dente do partido.

Outro fator que pesou na orientação da sigla foi a anteci­pação dos cenários para 2014. O grupo de Geddel acredita ter mais chances de fechar aliança com ACM Neto para o governo do estado do que com o PT de Pelegrino, que já surge como um dos prováveis nomes do partido de Dilma Rousseff para suceder Jaques Wagner, inde­pendentemente do resultado do segundo turno.

Bahia está forado horário de verão

O governador da Bahia, Jaques Wagner, cancelou o horário de verão no estado. A justificativa é que a maioria da população não apoia a medida. O cancelamento também agrada ao candidato do PT à prefeitura de Salvador, Nelson Pelegrino, que defendeu nos palanques que a Bahia não seja afetada pela mudança de horário. O horário de verão está marcado para começar no dia 21 nos estados do Sul, Sudeste e Centro-Oeste. A Bahia era o único estado do Nordeste que adiantava o relógio em uma hora para reduzir a carga de energia nos horários de pico durante o verão.