O Estado de São Paulo, n. 45922, 11/07/2019. Política, p. A10

 

Carlos é 'traumatizado' por atentado contra o pai, diz Heleno

Breno Pires

11/07/2019

 

 

Ministro rebateu crítica do vereador, filho de Bolsonaro, ao trabalho do GSI no caso da prisão do militar na Espanha

General. Augusto Heleno chefia o Gabinete de Segurança

O ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), general Augusto Heleno, afirmou ontem que o vereador fluminense Carlos Bolsonaro (PSC) é “extremamente traumatizado” pelo atentado sofrido por seu pai, o presidente Jair Bolsonaro, no ano passado, durante a campanha eleitoral, em Juiz de Fora (MG).

“Eu conheço Carlos. Ele é extremamente traumatizado pelo atentado que buscou mudar a realidade política do Brasil, o atentado a faca que o presidente recebeu. Naquela situação, Bolsonaro estava sob cuidado da PF”, disse o ministro, em audiência na Comissão de Relações Exteriores da Câmara dos Deputados, marcada para tratar da prisão do militar da Força Aérea Brasileira, Manoel Silva Rodrigues, que estava na comitiva do presidente Jair Bolsonaro e foi flagrado com 39 kg de cocaína na Espanha.

O comentário foi feito após Heleno ser perguntado sobre uma suposta desconfiança de Carlos Bolsonaro quanto à segurança do presidente por parte do GSI. No início do mês, Carlos publicou mensagem em sua conta no Twitter na qual, sem citar Heleno, levantou suspeitas da conduta do GSI, comandado pelo general, no episódio da prisão do militar na Espanha. Heleno salientou que não era o GSI, mas a PF, quem fazia a segurança de Bolsonaro naquela ocasião.

O ministro emendou afirmando que não está “colocando responsabilidade” na PF. Disse que o órgão “melhorou muito nas últimas décadas, tem equipamentos de alta qualidade e é muito eficiente”. “O que acontece é que candidatos como o presidente Bolsonaro desrespeitam regras traçadas e isso é normal. Aqueles que fazem segurança não podem impedir. Hoje em dia, mesmo em viagens, ele acaba fazendo coisas que são delicadas”, disse.

Horas depois, Carlos usou novamente o Twitter para fazer a tréplica: “Sou tremendamente traumatizado com o que pode acontecer com um presidente honesto em uma nação historicamente administrada por bandidos e seus fiéis acessórios.”

Na audiência, Heleno atribuiu à “leniência dos governos anteriores” o avanço do narcotráfico e das organizações criminosas no País. Heleno e representantes da Aeronáutica foram repetidamente questionados sobre o andamento das investigações sobre a droga apreendida na Espanha. O general limitou-se a dizer que “por enquanto não há indício de participação” de outros envolvidos e, diante de outros questionamentos, a resposta foi que o caso está em sigilo.

Olavo. Também questionado sobre ataques que militares sofreram do escritor Olavo de Carvalho, um dos mentores do bolsonarismo, o chefe do GSI disse que não perde tempo com bobagem. “Se eu o encontrar na rua, não sei quem é. Eu não dedico ao senhor Olavo de Carvalho parte de meu tempo. Não me atinge em nada. Não vou ficar gastando meu tempo em responder cada bobagem que falam”, disse o ministro.

Responsabilidade

“Naquela situação Bolsonaro estava sob cuidado da PF.”

Augusto Heleno

MINISTRO-CHEFE DO GSI