O Estado de São Paulo, n. 45921, 10/07/2019. Política, p.A12

 

Lava Jato confisca R$ 370 mi de líder de doleiros no Rio

Caio Sartori 

​10/07/2019

 

 

 Recorte capturado

 

 

 

Valor é o maior já aplicado a pessoa física na operação; empresário que atuava como operador de Dario Messer é preso pela força-tarefa

 

A força-tarefa da Operação Lava Jato no Rio de Janeiro prendeu ontem o empresário Mario Libman, que atuava como operador de Dario Messer, conhecido como “doleiro dos doleiros”. Também alvo dos pedidos de prisão temporária, o filho de Mario, Rafael Libman, não foi encontrado — a suspeita é de que ele esteja em São Paulo. Os dois são acusados de lavar dinheiro para Messer, considerado o principal doleiro do esquema que levou à prisão o ex-governador Sérgio Cabral.

O Ministério Público Federal (MPF) do Rio ouviu, em delações premiadas, familiares e uma ex-funcionária de Dario Messer – foragido desde maio de 2018, quando foi deflagrada a operação Câmbio, Desligo, que resultou na prisão de 30 doleiros na ocasião. O acordo firmado com a família do doleiro prevê o ressarcimento de R$ 370 milhões aos cofres públicos, sendo R$ 270 milhões por Dan Wolf Messer, um dos filhos de Dario, em dinheiro. O restante corresponde a dinheiro e bens dos outros delatores.

Cerca de R$ 240 milhões de Dan já estão com a Justiça. Os promotores do MPF afirmaram que a multa é a maior já aplicada e paga por uma pessoa física no âmbito da Lava Jato.

O esquema revelado ontem partiu de uma conta com nome ‘Mario’ descoberta na época da Câmbio, Desligo. “As investigações mostraram que a referência se tratava de Mario Libman, pai de Rafael Libman, que foi casado com uma das filhas de Dario Messer. A força-tarefa considera que o casamento de Rafael com Denise Messer facilitou o esquema.

“Essa conta demonstrou uma movimentação de cerca de R$ 30 milhões”, disse o procurador José Augusto Vagos. “Foram entregues em dinheiro ao Mario Libman no Rio, através dessa logística que o sistema comandado por Dario Messer implementava. Uma logística muito sofisticada.” Os R$ 31,8 milhões movimentados entre os Messer e os Libman teriam sido usados para lavar dinheiro por meio de imóveis, com empresas de fachada .

O esquema “se emaranhava” numa rede maior de lavagem de dinheiro, desvendada por meio de doleiros que atuavam para Cabral, diz o procurador Almir Teubl. “Vista essa teia de emaranhado de ilícitos cometidos, se viu que existia um centro dessa teia, que era o Dario Messer. Por isso foi considerado o doleiro dos doleiros”, disse.

O Estado não localizou a defesa do empresário Mario Libman.

A Câmbio, Desligo revelou a movimentação de recursos ilícitos no Brasil e no exterior por meio de operações dólar-cabo, entregas de dinheiro em espécie, pagamentos de boletos e compra e venda de cheques de comércio. A delação dos doleiros Vinícius Vieira Barreto Claret, o Juca Bala, e Cláudio Fernando Barbosa, o Tony, resultou na operação. Dario Messer era o alvo principal, mas não foi encontrado até hoje.

Atualmente, além de considerado foragido pela Justiça brasileira, ele também tem pedido de prisão expedido no Paraguai. Os procuradores do Ministério Público não comentam se têm indícios do paradeiro de Dario. Ao fechar acordo de colaboração premiada, os familiares de Dario Messer são obrigados a contar para o Ministério Público qualquer contato que tenham com o doleiro foragido.

 

Bens e dinheiro

R$ 270

milhões serão ressarcidos, por Dan Wolf Messer, um dos filhos de Dario Messer; mais R$ 100 milhões virão de bens e dinheiro de outros delatores