Título: Maratona nos swing states
Autor: Tranches, Renata
Fonte: Correio Braziliense, 12/10/2012, Mundo, p. 17

Um grupo de sete a 12 estados concentra os esforços dos candidatos na reta final

A julgar pelo roteiro dos últimos dias, as três semanas finais da corrida pela Casa Branca assistirão a uma maratona dos candidatos por um grupo de estados — sete a 12, dependendo das estimativas — que definirão a eleição de 6 de novembro. O republicano Mitt Romney desembarcou ontem na Carolina do Norte, mas hoje retorna a Ohio e retoma uma turnê de cinco dias. O presidente Barack Obama, que também começou a semana em Ohio, foi discursar para estudantes em Miami, na Flórida, que foi visitada por Romney no fim de semana.

Pelo menos seis pesquisas nacionais de importantes institutos mostraram que o desafiante continuava colhendo frutos de sua vitória no primeiro debate pela tevê entre os presidenciáveis, realizado na semana passada. Mas o quadro continuava difícil para ele nos chamados "swing states", na maioria inclinados até o momento por Obama, embora a disputa seja considerada "aberta" pelos analistas, principalmente em Ohio. Lá, Romney conseguiu se aproximar de Obama após o duelo televisivo e, em certas sondagens, até assumiu a liderança. Na média calculada pelo site Real Clear Politics, o presidente segue à frente no estado, com 47,6% contra 46,3%.

"Você pode concordar em retroceder em 50 anos de avanços para mulheres, imigrantes, gays e lésbicas ou você pode decidir seguir em frente", discursou Obama na Universidade de Miami, endereçando-se a grupos de eleitores que o apoiam majoritariamente, em um estado cada vez mais importante para sua campanha pela reeleição. Algumas análises do mapa eleitoral feitas por jornais norte-americanos apostam que, se o presidente vencer ali, poderá até perder nos demais swing states. Além da economia, tendem a pesar no estado questões relacionadas à previdência e à saúde, uma vez que grande parte da população é formada por aposentados, e também à imigração, graças à forte presença de latinos. Na Flórida, é ainda mais acirrada que em Ohio: a média do Real Clear Politics mostra os candidatos empatados em 47,5%.

Lá, o tema da imigração pode ajudar Obama a sair na frente com o eleitorado hispânico. Uma pesquisa nacional do Instituto Pew Hispanic, divulgada ontem, mostrou que, embora desmotivados, 69% dos eleitores hispânicos registrados declaram voto em Obama e apenas 21% no republicano. Segundo o instituto, em escala nacional, mais de dois terços dos latinos, a primeira maioria do país, tendem a votar no presidente.

Acompanhando esse cenário pró-democrata, um estudo bianual realizado pelo Conselho de Chicago sobre Assuntos Mundiais, divulgado ontem, expôs que 55% dos republicanos consideram a imigração uma "ameaça importante". O índice cai para 30% entre os eleitores que se dizem democratas. De qualquer maneira, a taxa de reprovação à imigração entre os americanos vem diminuindo: caiu da casa dos 50%, em 2010, para 40% neste ano. Foi a primeira vez que a cifra fica abaixo da metade dos entrevistados desde 1994, quando alcançava 72%.

O professor de oratória da American University (Washington) Robert Lehrman, redator de discursos para o vice-presidente Al Gore (1993 – 2001), lembrou, em entrevista ao Correio, que Romney tem ficado "bem atrás" de Obama quando se trata desse eleitorado, assim como do feminino. "O aumento do número de americanos de origem latina tornará a população branca minoritária por volta de 2047. E, por agora, Obama leva todo o segmento hispânico do eleitorado", explicou.

47,5%

Média calculada pelo site Real Clear Politics para as intenções de voto em Barack Obama e Mitt Romney na Flórida

Larry Downing /Reuters Obama discursa na Universidade de Miami: vitória na Flórida pode ser o passaporte para a reeleiçãoRainier Ehrhardt/Getty Images/AFPComício de Romney na Carolina do Norte: intervalo na turnê por Ohio