Título: Faturamento continua alto
Autor: Abreu, Diego ; Mader, Helena ; Campos, Ana Maria
Fonte: Correio Braziliense, 16/10/2012, Política, p. 2

Mesmo com o julgamento do mensalão em andamento, o marqueteiro Duda Mendonça continua requisitado e bem pago para mostrar as virtudes de candidatos de partidos diferentes país afora. A relevância dos clientes deste ano passam longe da campanha de 2002, quando elaborou a trajetória vitoriosa de Luiz Inácio Lula da Silva ao Planalto, mas as cifras continuam altas. Se na campanha lulista o publicitário faturou cerca de R$ 11 milhões, seu cacife ainda lhe renderá até o fim da disputa municipal, em média, R$ 20 milhões pela atuação em Jundiaí (SP) e Fortaleza.

Duda foi considerado réu da Ação Penal 470 sob a acusação de transferir recursos de forma irregular para contas em paraísos fiscais e não declarar R$ 11,2 milhões recebidos das empresas de Marcos Valério. Na época, viu seu status ruir no meio publicitário. Os grandes clientes fugiram aos poucos. No entanto, permaneceu no mercado atendendo campanhas menores. Foi sob sua responsabilidade que Roseana Sarney (PMDB) venceu o governo de Maranhão, Ricardo Coutinho (PSB) assumiu o comando da Paraíba e Marta Suplicy (PT-SP) voltou ao Senado em 2010.

Em 2012, na capital cearense, Duda foi contratado como consultor da campanha de Elmano de Freitas (PT) à prefeitura. O próprio candidato admitiu em entrevistas e debates a parceria com o marqueteiro. "O Duda Mendonça é acusado de algo que já ocorreu há 10 anos. Ele é um bom publicitário e eu não vou condená-lo a não poder trabalhar", comentou. De acordo com interlocutores de campanhas cearenses, o custo da consultoria do marqueteiro é de, no mínimo, R$ 10 milhões.

Em Jundiaí, o publicitário cuida de toda a divulgação da campanha de Luiz Fernando Machado (PSDB) à prefeitura. O valor do serviço, calculam militantes da política local, é entre R$ 5 milhões e R$ 10 milhões. Para fazer a campanha a vereador de Fábio Câmara (PMDB) em São Luís, Duda pode ter cobrado menos da metade disso. O motivo do desconto, além de tratar-se de uma tarefa menos desafiadora, é a amizade do marqueteiro com o recém-eleito.

Colaborou Paulo de Tarso Lyra