Título: Serra mobiliza as trevas, acusa Haddad
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Fonte: Correio Braziliense, 13/10/2012, Política, p. 3

Troca de acusações acirra a disputa pela prefeitura de São Paulo. Tucano insiste em vincular a imagem do rival aos réus condenados no mensalão, e petista diz que o adversário promove uma campanha pautada pelo ódio

A largada para o segundo turno acirrou os ânimos da eleição municipal em São Paulo. Um dia depois da divulgação de pesquisa Ibope mostrando o candidato do PT, Fernando Haddad, com 11 pontos percentuais à frente do tucano José Serra (48% a 37%), os dois adversários partiram para o ataque mútuo. Ao participar de missa na Paróquia Nossa Senhora de Aparecida, em Itaquera, na Zona Leste, o candidato petista afirmou que Serra tem um "exército que promove o ódio" nas redes sociais.

Haddad contestou as críticas contidas em um vídeo divulgado pelo pastor evangélico Silas Malafaia, da Assembleia de Deus. No vídeo, Malafaia acusa o petista de andar "de braços dados" com réus condenados pelo Supremo Tribunal Federal (STF) no julgamento do mensalão. "O senhor, como ministro da Educação, foi um dos piores do país. O senhor não teve nem competência para coordenar o Enem", diz o pastor. "Quem tentou instrumentalizar políticos é gente com quem você anda de braço dado, e que foi agora condenada no Supremo Tribunal Federal", afirma Malafaia no vídeo, referindo-se a Haddad.

O ex-ministro da Educação rebateu as provocações: "Ele (Serra) está fora de si. Ele está mobilizando e vai mobilizar as trevas, como fez em 2010. Tudo o que ele podia fazer para ofender a presidente Dilma, ele fez. É uma pessoa que está completamente fora de tom", disse o candidato petista. "Serra tem um exército nas redes sociais que promove o ódio. O que ele tinha que entender é que esse tipo de prática vai dar errado", completou.

Missa

Crítico do clima de confronto entre grupos religiosos que marcou a eleição presidencial de 2010 e vem se repetindo no pleito municipal em São Paulo, Haddad participou da missa a convite do candidato derrotado Gabriel Chalita (PMDB), que formalizou o apoio à candidatura petista na quinta-feira. "Eu tenho estado presente em algumas solenidades importantes. No fim do Ramadã, fui a uma mesquita. No ano-novo judaico, visitei numa sinagoga. Penso que São Paulo tem essa característica de congregar muitas crenças, num espírito de muita paz. Acho importante para a cidade a sinalização de que o poder público vai respeitar a fé do povo, qualquer que seja ela, sem privilegiados", disse Haddad.

Horas depois, durante visita a um museu, Serra negou ter influenciado as declarações de Malafaia. "Eles estão inventando isso porque o Haddad não sabe como explicar o chamado "kit gay". Gastou R$ 800 mil para nada", disse o candidato tucano, referindo-se à campanha a favor da diversidade sexual elaborada pela equipe de Haddad, na época em que era ministro da Educação, e que não chegou a ser divulgada.

"Para fugir desse assunto, ele leva para a discussão religiosa. É o padrão Zé Dirceu. O Zé Dirceu é o guru intelectual do PT e do Haddad. Ele orienta a campanha do Haddad. A cada dia, Haddad tem um pouquinho mais de Zé Dirceu e de toda aquela patota deles que acabou de ser punida pelo STF", atacou Serra.

"Ele (Serra) está fora de si. Ele está mobilizando e vai mobilizar as trevas, como fez em 2010. Tudo o que ele podia fazer para ofender a presidente Dilma, ele fez. É uma pessoa que está completamente fora de tom" Fernando Haddad, candidato do PT à prefeitura de São PauloTiago Queiroz/AEFernando Haddad participa de missa e defende a pluralidade religiosa