Título: Jacinto Lamas se aposenta
Autor: Correia, Karla
Fonte: Correio Braziliense, 06/10/2012, Política, p. 10

Dias depois de ser condenado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) por corrupção passiva e lavagem de dinheiro na Ação Penal 470, o ex-tesoureiro do PL (hoje PR) Jacinto Lamas se aposentou como analista legislativo da Câmara dos Deputados, com direito a proventos integrais. Lotado na liderança do PR, Lamas recebe remuneração fixa de 23.048,48. Somada aos ganhos por "vantagens de natureza pessoal", "função em cargo de comissão" (que recebia como chefe de gabinete da liderança do partido), "abono por permanência" e auxílios recebidos pelo analista, a remuneração total de Lamas — que ele terá direito a receber como aposentado — chega a R$ 43.090,32.

A aposentadoria do réu no processo do mensalão foi assinada pelo presidente da Câmara, Marco Maia (PT-RS), e publicada na edição de ontem do Diário Oficial da União. O pedido de aposentadoria de Lamas pegou de surpresa colegas de gabinete. Segundo um servidor da liderança, Lamas saiu de férias logo depois de pedir licença para cuidar de um filho vítima de acidente de trânsito. Em seguida, veio a notícia do pedido de aposentadoria. Procurado pela reportagem, Lamas não foi encontrado.

Funcionário da Câmara desde maio de 1976, o analista legislativo aparece nos autos do processo do mensalão ao lado do irmão, Antonio Lamas, como receptor de R$ 2,4 milhões, divididos em 14 parcelas, pagas entre 16 de setembro de 2003 e 19 de fevereiro de 2004. O dinheiro, segundo entendimento do Supremo, beneficiou o deputado Valdemar da Costa Neto (PR-SP). Antonio Lamas foi absolvido pelo Supremo por falta de provas. Jacinto, descrito pelo ministro revisor do processo, Ricardo Lewandowski, como "pessoa fundamental" no esquema que destinou recursos do valerioduto para o parlamentar, não escapou da condenação, cuja pena só será definida ao fim do julgamento.