Título: Juros podem cair a 7,25%
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Fonte: Correio Braziliense, 06/10/2012, Economia, p. 14

A próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), marcada para a semana que vem, será decisiva para o Banco Central (BC). Boa parte do mercado acredita que a autoridade monetária dará sequência ao processo de queda dos juros, que já dura nove reuniões. Outra ala entende que é chegada a hora de interromper o ciclo de cortes, deixando a Selic nos atuais 7,5% ao ano — o menor piso da história.

A divisão parte de uma dúvida conceitual sobre as ações da autoridade monetária. Formalmente, o maior compromisso do BC é cuidar para que a inflação não aperte o orçamento do consumidor, o que indicaria a manutenção dos juros atuais. Mas um recente comentário do diretor de Assuntos Internacionais do BC, Luiz Awazu Pereira, deixou os analistas de cabelo em pé. Durante um evento em São Paulo, ele disse a investidores que a situação global deverá permanecer ruim por bastante tempo. O mercado entendeu a frase como uma sinalização de que o banco continuará dando uma mãozinha ao crescimento interno, com uma inflação mais alta para incentivar a atividade econômica.

Depois disso, os chamados juros futuros começaram a cair, dando a entender que os analistas passaram a apostar em mais um corte pelo BC de 0,25 ponto percentual na taxa básica. Para o economista-chefe da Gradual Investimentos, André Perfeito, esse é um movimento contraditório. "O mercado tem manias e idiossincrasias que fogem à análise mais sóbria", disparou.

Boa parte dessa incoerência diz respeito ao Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) mais forte em setembro. A agência de classificação de risco Austin Ratin diz que os 3,77% de alta no ano já consomem 84% da meta central perseguida pelo governo, de 4,5% — com dois pontos de margem, para cima ou para baixo. Para o banco português BES Investimento é "quase impossível" ver a inflação convergindo para o centro da meta em 2012, "como o BC vem afirmando por um longo período".