Correio braziliense, n. 20478, 15/06/2019. Cidades, p. 17

 

Ibaneis quer apoio do governo federal

Helena Mader

Alexandre de Paula

15/06/2019

 

 

Para tirar do papel empreendimentos e projetos de lei de interesse do Distrito Federal, o governador Ibaneis Rocha (MDB) tem intensificado a interlocução com o Palácio do Planalto. Esta semana, o chefe do Executivo voltou a pedir ao Ministério da Economia a liberação do reajuste salarial de policiais civis brasilienses, em paridade com os integrantes da Polícia Federal. Ontem, Ibaneis se encontrou com o senador Flávio Bolsonaro (PSL-RJ), filho mais velho do presidente Jair Bolsonaro (PSL). Durante a visita de cortesia, no Palácio do Buriti, o governador aproveitou para pedir apoio à construção do Hospital do Câncer do Distrito Federal.

Na semana passada, Flávio Bolsonaro se encontrou com o secretário de Segurança do DF, Anderson Torres. O senador, aposta Ibaneis, pode ser um importante interlocutor com o governo federal. “Ele agora mora em Brasília e me pediu essa visita de cortesia. É uma pessoa afável e que se colocou completamente à disposição para ajudar o Distrito Federal”, afirmou Ibaneis Rocha.

Durante o encontro, o governador mencionou os empecilhos enfrentados pelo governo para viabilizar a construção do Hospital do Câncer. “São coisas bobas que precisam ser resolvidas na Caixa Econômica Federal para que haja a liberação dos recursos”, argumentou Ibaneis.

Com previsão de 172 leitos de internação e 20 vagas de UTI, o projeto da nova unidade médica foi entregue ao banco em 2017. O hospital oncológico terá consultórios e alas para tratamento quimioterápico e de radioterapia, além de salas de cirurgia e estrutura para exames. A unidade será erguida ao lado do Hospital da Criança, em um terreno de 33 mil metros quadrados.

Os recursos para a construção estão previstos em emendas da bancada de parlamentares do DF desde 2015. Àquele ano, deputados e senadores reservaram R$ 121,9 milhões para o projeto. Neste ano, porém, o montante destinado à obra chega a R$ 126 milhões, de acordo com o GDF.

Para Ibaneis, o importante é criar “um ambiente de harmonia” entre o DF e o governo federal. “Não tenho nada a reclamar, o governo e o presidente têm atendido nossos pedidos. Como ele escolheu muitas pessoas sem ligação com a política, é normal que haja um prazo até que todos conheçam bem as estruturas do governo. Mas temos pressa em alguns temas, como o Hospital do Câncer”, explicou o governador.

Paridade

Ibaneis Rocha não tratou da questão da paridade da polícia com Flávio Bolsonaro, mas, esta semana, o governador enviou ao Ministério da Economia um ofício assinado por ele e pelos secretários de Fazenda, André Clemente, e de Segurança, Anderson Torres. No documento, o DF reitera o interesse em que a Presidência envie ao Congresso um projeto de lei prevendo o reajuste dos policiais civis. Posteriormente, afirma Ibaneis, a intenção é tratar do aumento salarial da Polícia Militar.

Como a prioridade do Planalto é aprovar a reforma da Previdência, dificilmente o governo federal vai discutir a paridade agora. Mas, no segundo semestre, o tema pode ser debatido no âmbito da União. No ofício, o GDF voltou a afirmar que o reajuste da Polícia Civil não terá impactos orçamentários e que será absorvido pelo Fundo Constitucional do DF.

Promessa de campanha, a proposta da paridade foi encaminhada ao governo federal em 26 de fevereiro. O texto do GDF prevê a concessão de reajuste de 37%, em seis parcelas, até 2021. O valor é equivalente ao aumento assegurado à Polícia Federal. O impacto anual será de R$ 645 milhões.

Expectativa

O presidente do Sindicato dos Delegados de Polícia do DF (Sindepo), Rafael Sampaio, conta que o ofício foi enviado ao governo para o Ministério da Economia após conversas e pedidos da categoria ao chefe do Executivo local. Os servidores se preocuparam com o fato de o reajuste não estar previsto no projeto orçamentário federal.

“Temos acompanhado de perto todos esses movimentos. Houve uma identificação da falta de previsão nas leis orçamentárias. Procuramos o governador e ele prontamente encaminhou o documento solicitando essa inclusão”, afirmou. A sinalização, diz o delegado, dá esperança para a categoria, apesar das dificuldades e da demora para o aumento sair do papel.

A pressão para que a paridade se concretize deve aumentar após o fim das discussões sobre a reforma da Previdência. “Estamos vendo a questão da Previdência, que mexe muito com o Congresso e o Governo Federal, mas esperamos que, depois disso, a nossa demanda seja rapidamente levada em conta”, comenta. “É urgente que a proposta tramite para evitar grandes danos à corporação. Diante de todas essas perdas dos últimos anos, o servidor não suportaria passar mais tempo sem recomposição”, completa.