Valor econômico, v.19, n.4684, 06/02/2019. Política, p. A9

 

Senado terá PSDB e Flávio Bolsonaro na cúpula 

Vandson Lima 

06/02/2019

 

 

A nova divisão do poder no Senado ficou desenhada após a primeira reunião dos líderes partidários com o novo presidente da Casa, Davi Alcolumbre (DEM-AP).

Pelo acordo a ser confirmado hoje, O PSDB ficará com a primeira vice-presidência e o Podemos com a segunda vice. Mesmo às voltas com investigações envolvendo movimentações financeiras atípicas feitas por seu ex-assessor Fabrício Queiróz, o senador Flávio Bolsonaro (PSL-RJ), filho do presidente da República, vai compor a cúpula da Casa.

Por indicação da bancada do PSL, Flávio será o terceiro-secretário do Senado, sexto cargo titular na hierarquia da Mesa-Diretora. Alcolumbre, alinhado com o governo Bolsonaro, disse não haver constrangimento com a escolha. "Investigados têm tantos nomes aí no Brasil... tem que aguardar e ter tranquilidade", apontou o presidente. "Partido indica o quadro que ele decidir. Não posso me meter na indicação do PSL", completou.

Cabe ao terceiro-secretário, segundo o regimento, fazer a chamada dos senadores, contar os votos em verificação de votação e auxiliar o presidente na apuração das eleições, anotando os nomes dos votados e organizando as listas respectivas.

Já o MDB, maior partido do Senado, mas derrotado na eleição a presidente com Renan Calheiros (MDB-AL) ficou pendurado em um acordo tácito. Ganhará apenas a terceira-secretaria (a segunda ficou com o PSD) e pode ser compensado com a presidência da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), principal colegiado, que iria ficar com o PSDB. Mas com uma condição: não poderá indicar para o comando Renan ou seus aliados mais próximos.

Líder da bancada, Eduardo Braga (MDB-AM) concordou com a perda de espaço na Mesa, mas demonstrou que haverá resistência a vetos de nomes. "Entendemos que houve a disputa política, que é pontual. Nas comissões, é outra questão, de respeitar a proporcionalidade. Não admitiremos interferência na nossa bancada, assim como não interferimos nas dos outros".

Para a vice, Alcolumbre gostaria de ter Antonio Anastasia (PSDB-MG). O notório conhecimento jurídico do tucano, que foi relator do impeachment de Dilma Rousseff, é visto como um escudo importante ao novo presidente. O problema é que o senador Izalci Lucas (PSDB-DF) também requisita a vaga. Há ainda a possibilidade de, caso não haja acordo com o MDB, Anastasia ficar com a CCJ.

O PSD indicará o presidente da Comissão de Assuntos Econômicos (CAE). O nomes mais cotado é o de Omar Aziz, ex-governador do Amazonas.

Os partidos aproveitaram também para consolidar a formação de blocos e a migração de senadores. PSDB e Podemos anunciaram atuação conjunta, bem como um bloco que será formado por DEM, PR e PSC.

Mesmo antes do início dos trabalhos deliberativos, 12 dos 81 senadores (14,8% do total) já trocou de partido. Destes, nove foram eleitos em outubro e sequer chegaram a atuar por suas legendas anteriores na Casa.

A última mudança anunciada foi de Lasier Martins (RS), que deixou o PSD e se juntou ao Podemos.